JERUSALÉMSUBTERRÂNEA 25
sobre a sua famosa escavação. Debruça-se sobre o
parapeito e aponta para os escombros, lá em bai-
xo. “Trata-se de um rei com uma visão, que cons-
truiu um monumento grandioso, de forma habi-
lidosa.” Para Eilat Mazar, só pode ser o rei David.
“Tudo corresponde à história da Bíblia.”
O achado, feito em 2005, foi divulgado em todo o
mundo, mas muitos colegas não se mostram con-
vencidos. A datação baseia-se fortemente na ce-
râmica em vez de métodos mais modernos como
o radiocarbono, e a sua interpretação literal da Bí-
blia é considerada errada por muitos arqueólogos.
O próprio sinal colocado no passadiço acrescenta
um ponto de interrogação à identificação do sítio:
“Vestígios do palácio do rei David?”
“Baseio-me em factos”, afirma, com uma cer-
ta irritação na voz quando levanto as objecções
dos outros académicos. “Aquilo em que os outros
acreditam é outra história.” Eilat Mazar mostra-se
ansiosa por escavar a norte, onde crê estar escon-
dido o famoso palácio do filho de David, Salomão.
“Tenho a certeza de que se encontra ali”, afirma,
com súbito fervor. “Precisamos de escavar isto!”
Prepara-se para apresentar uma licença para
escavar o sítio. Resta saber se a IAA aprovará mais
escavações. “Actualmente, quando se escava,
é preciso dispor de dados sólidos – não apenas
moedas, ou cerâmica, mas resultados sustentados
pela física e pela biologia”, diz Yuval Baruch, da
IAA. “Eilat Mazar não joga segundo estas regras.”
DO OUTRO LADO DA RUA, em frente daquele que
Eilat Mazar pensa ser o Palácio de David, Yuval
Gadot simboliza estas novas regras. Este arqueólogo
da Universidade de Telavive lidera a maior e mais
recente escavação na cidade. Um antigo parque de
estacionamento é agora um enorme fosso a céu
aberto, abrangendo grande parte dos 2.600 anos de
idade da cidade, desde as oficinas islâmicas primi-
tivas a uma villa romana, e os impressionantes edi-
fícios da Idade do Ferro que precedem a destruição
da cidade pelos babilónicos em 586 a.C.
Nos subterrâneos
localizados sob a
mesquita Al-Marwani,
homens muçulmanos
aguardam o início das
orações de sexta-feira.
Em 1999, os operários
utilizaram bulldozzers
para abrir uma nova
entrada, mais ampla,
gerando o receio de que
as camadas históricas
existentes sobre a
plataforma sagrada
fossem danificadas.
FAIZ ABU RMELEH