Grande parte dos trabalhos decorre fora do sítio
arqueológico, onde os peritos analisam tudo –
desde antigos parasitas encontrados nas fossas
sépticas islâmicas a elaboradas jóias de ouro do
tempo da governação grega.
A escavação abrirá em breve ao público, por
baixo de um grande centro de visitantes desti-
nado a receber as crescentes hordas de turistas.
Yuval Gadot, Eilat Mazar e Joe Uziel ajudaram a
transformar esta sossegada aldeia árabe numa
das mais populares atracções de uma cidade de-
finida como um dos destinos turísticos do mundo
em mais rápido desenvolvimento. Durante a noi-
te, os seus sítios arqueológicos funcionam como
cenários teatrais para espectáculos de laser. “Aqui
começou e aqui continua”, troveja a voz do narra-
dor, no meio de luzes coloridas e música arrebata-
dora. “O regresso a Sião!”
A organização responsável por este esforço é a
Fundação Cidade de David. Criada pelo antigo co-
mandante militar israelita David Be’eri na década
de 1980, a fim de assegurar uma presença judaica
mais forte, a organização financiou a maior parte
dos recentes trabalhos arqueológicos realizados.
Juntamente com as carteiras recheadas de doa-
dores estrangeiros e israelitas, este grupo gaba-se
das suas excelentes relações políticas. Numa ce-
rimónia sumptuosa realizada no passado mês de
Junho, o embaixador dos Estados Unidos, David
Friedman, pegou num martelo para partir uma
parede, inaugurando o primeiro troço do túnel de
Joel Uziel. “Esta é a verdade”, disse, referindo-se
à velha rua. O enviado da Casa Branca ao Médio
Oriente classificou as críticas feitas pelos palesti-
nianos ao evento como “absurdas”.
Quando me encontro com o vice-presidente da
fundação, Doron Spielman, ele mostra-se opti-
mista em relação ao futuro. “Se os próximos dez
anos forem parecidos com os últimos dez anos,
este será o principal sítio arqueológico do mun-
do”, afirma este judeu nascido nos subúrbios de
Detroit. Doron Spielman prevê que o número de
turistas possa quase quadruplicar para dois mi-
lhões numa única década. “O público sente-se
fascinado por um povo que existe há milhares de
anos”, diz. “Isto não é como um sítio arqueológico
acadiano. As comunidades que aqui começaram
a viver ainda cá vivem.”
Na sua opinião, o desenvolvimento ajuda to-
dos. “As pessoas compram chupa-chupas e bebi-
das nas lojas árabes”, afirma. “E há muita segu-
rança que é benéfica quer para árabes, quer para
judeus.”Mostra-seigualmenteoptimista quanto
UM ANTIGO
PARQUE DE
ESTACIONAMEN-
TO É AGORA
UM FOSSO A CÉU
ABERTO COM
2.600 ANOS
DE HISTÓRIA:
OFICINAS
ISLÂMICAS PRI-
MITIVAS, UMA
VILLA ROMANA
E EDIFÍCIOS DA
IDADE DO FERRO.
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