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marfim, observei. Nem exércitos a marchar vin-
dos da guerras, saqueando aldeias pelo caminho.
“Não”, disse ela. “Ainda não.”
Antes de 2017, “tudo em Pendjari se baseava em
desconfiança e conflito”, lembrou. A AP foi con-
tratada para assumir plena autoridade pela ges-
tão, tentando trabalhar cooperativamente com to-
das as partes, beneficiando assim a vida selvagem,
a paisagem e os autóctones. Na opinião da minha
interlocutora, “não existe outra maneira de fazer
as coisas”. É o modelo da African Parks, diz ela. Ou
confiam em nós ou não confiam.
UMA VEZ POR ANO, no final da estação seca, o Par-
que Nacional de Garamba comemora o Dia dos Vigi-
lantes da Natureza, um festival de exibições marciais
e outras manifestações de apreço pelos agentes que
Markéta Antonínová e o seu companheiro, o
canadiano James Terjanian, vieram para Pendjari
no início do contrato da AP: ele como director do
parque e ela como directora-adjunta, até se trans-
formarem numa família e terem de encontrar
residência. Como sempre, o reforço dos grupos
encarregados da aplicação da lei revelou-se um
desafio urgente. De 15 guardas mal treinados, a
força de Pendjari evoluiu e conta agora com cerca
de cem vigilantes da natureza bem preparados.
Markéta Antonínová estava em Zakouma, em
2012, quando os vigilantes da natureza morre-
ram em Heban, e estava em Garamba quando o
LRA queimou a aldeia junto da sede, em 2009.
O Parque Nacional de Pendjari enfrenta desafios
diferentes. Aqui não há cavaleiros armados que
irrompam parque adentro a galope para roubar
Reserva de Vida
Selvagem de Majete
MALAWI
Dançarinos da aldeia
de Tsekera, junto de
Majete, fazem a Gule
Wamkulu (Granda Dança),
para invocar espíritos
ancestrais e trazer chuvas
ou aplacar conflitos.
Esta dança tradicional
é reproduzida no parque
como espectáculo turístico,
gerando receitas para as
comunidades. Majete,
outrora esvaziada de vida
selvagem e de vitalidade
económica, prospera
actualmente.