National Geographic - Portugal - Edição 225 (2019-12)

(Antfer) #1
VICIADOS EM PLÁSTICO ́ 73

sapatos são quase impossíveis
de reciclar. Os nossospés
nada mais são do que
uma curta escala da
longa vida dos
sapatos, maioritaria-
mente passada em
aterros e cursos de
água.
O plástico tornou os sapatos
mais leves, mais rápidos, mais
baratos e mais confortáveis.

Também possibilitou
o crescimento explosivo
da corrida
recreativa. Não será
fácil restringir o seu
uso. Algumas
empresas estão a
fabricar sapatos com
plástico reciclado ou com
matérias naturais como
o bambu e a madeira.
— ALEJANDRA BORUNDA

ESCOVAS DE DENTES


O PLÁSTICO APODEROU-SE da concep-
ção das escovas de dentes. É-nos quase
impossível lavar os dentes sem tocar
nele. Os cabos são normalmente de
polietileno ou polipropileno e as cerdas
denylon.Como o plástico demora tanto tempo a degra-
dar-se, quase todas as escovas de dentes fabricadas desde
a década de 1930 ainda andam por aí, algures no planeta,
persistindo como pedaços de lixo.
A limpeza dos dentes é um hábito antigo e uni-
versal. Os arqueólogos encontraram “palitos para
dentes”nostúmulosdosfaraósegípcios.Emtoda a

Ásia e no Médio Oriente, mastigavam-se paus até as
pontas se transformarem em escovas fofas. Em finais
do século XV, um formato simples surgiu na China e
subsistiu, praticamente inalterado, ao longo de sécu-
los: um molho de cerdas curtas e densas, retiradas do
pescoço de um porco, e acopladas a um cabo de osso
ou madeira. Na Europa, só os ricos podiam comprar
essas maravilhas até meados do século XIX.
Os militares regressados da Segunda Guerra Mun-
dial trouxeram consigo as escovas de dentes forneci-
das pelas forças armadas e o plástico barato e moldá-
vel tornou possível a todos os norte-americanos uma
melhor higiene dentária. Num inquérito à opinião

pública sobre inovações, realizado pelo MIT em 2003,
a escova de dentes ocupava uma posição mais alta do
que o automóvel, o computador pessoal e o telemó-
vel, como aquele elemento sem o qual os inquiridos
não seriam capazes de viver.
Se ao menos o preço a pagar por dentes saudáveis
não fosse um pedaço de resíduo imperecível... “Gos-
to de perguntar às pessoas: qual o primeiro objecto
em que toca de manhã? Provavelmente na escova de
dentes”, diz Kahi Paacarro, fundador da Sustainable
Coastlines Hawaii, que já recolheu um número con-
siderável de escovas de dentes nas praias havaianas.
“Agrada-lhe que o primeiro objecto em que toca todos
os dias seja de plástico?” Alguns designers estão ago-
ra a incorporar matérias naturais. Os cabos podem
ser fabricados em metal ou bambu, as cabeças com
cerdas podem ser substituídas e as cerdas podem ser
mais compactadas. No futuro, as escovas de dentes
poderão continuar a usar plástico, mas em menor
quantidade. — ALEJANDRA BORUNDA

NUM INQUÉRITO REALIZADO
EM 2003, A ESCOVA DE DENTES
ERA UMA INVENÇÃO MAIS
VALORIZADA DO QUE O
AUTOMÓVEL OU O TELEMÓVEL.


COMO MELHORAR


  1. Mandar arranjar
    os sapatos com
    frequência.

  2. Comprar menos
    pares de sapatos.

  3. Doar os sapatos
    velhos, em vez de
    os deitar fora.


D E
PLÁSTICO
DESDE A
DÉCADA DE
1930

D E
PLÁSTICO
DESDE A
DÉCADA DE
1950

COMO MELHORAR


  1. Experimente escovas de bambu e descarte o cabo
    em compostagem depois de lhe arrancar as cerdas.

  2. Escolha uma escova de dentes com cabeça substituível.

  3. Se o seu dentista lhe oferecer escovas de dentes,
    peça-lhe alternativas sem plástico.


ILUSTRAÇÕES DE PABLO AMARGO
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