National Geographic - Portugal - Edição 225 (2019-12)

(Antfer) #1

74 NATIONAL GEOGRAPHIC


Todososdias,a maioria
daspessoasusapneus,
deumamaneiraoude
outra,masnãotem
consciênciadequeeles
contribuemparaa
poluição
de
plástico.
Quando
entram
emfricção
coma estrada,soltam-se
pedaços de borracha
sintética. À semelhança
de outros plásticos, esta
é um polímero derivado
do petróleo. A chuva lava
esses pedaços de plástico
da estrada e transporta-
-os para os cursos de
água. Segundo uma
estimativa, até 28% dos
resíduos de microplásti-
cos que chegam ao
oceano provém de pneus.
Antigamente, a
borracha vinha apenas
das árvores. Quando a
condução se generalizou,
o mundo necessitou de
mais borracha do que a
natureza conseguia
disponibilizar. Em 1909, o
químico Fritz Hofmann
inventou a primeira
borracha sintética para
fins comerciais. Pouco
depois, já era aplicada
em pneus de automóveis.
Em 1931, a DuPont
industrializou o fabrico
de borracha sintética.


Ospneusactuaissão
compostosporcercade
19%deborrachanaturale
24%deborrachasintética.
Orestosãometaise
outroscompostos.Há
décadasqueo pneuradial
modernonãopassapor
umareconfiguração
significativa,mas
ultimamenteregistou-se
umimpulsonosentido
deseinventaremmais
opções sustentáveis.
Um projecto conduzido
pela Universidade do
Minnesota, por exemplo,
descobriu recentemente
uma maneira de produzir
um ingrediente-chave
da borracha sintética
a partir de fontes
neutras em carbono,
como árvores,
ervas e milho.
No ano passado, a
Goodyear apresen-
tou um pneu concep-
tual feito a partir de
borracha reciclada
com musgo vivo nas
paredes laterais dos
pneus. Em teoria, o mus-
go absorve o dióxido de
carbono. Nada disso
impede os pneus de
libertarem microplásticos.
Talvez as superfícies das
estradas pudessem
tornar-se menos abrasi-
vas, sem ficarem mais
escorregadias. Talvez o
efluente carregado de
microplásticos pudesse
ser captado antes de
chegar ao oceano.
O problema dos pneus só
recentemente foi reconhe-
cido e, por isso, a busca
de soluções está apenas
no início. No entanto,
ninguém duvida de que é
necessário realizar mais
investigações e promover
a consciencialização do
público. — TIK ROOT

BILIÕESDECIGARROSsãoanual-
mentevendidosemtodo o
mundo.Noentanto,apenasum
terçodaspontasdecigarrovão
parao lixo.Asrestantessãoati-
radasparaa ruae paraoscursosdeágua,enca-
minhando-separaomar,ondelibertam
nicotinae alcatrãonoambiente– juntamente
complástico,umavezqueé dissoqueosfiltros
sãofeitos.“Ogestodedeitarforaa beata do
cigarroé quaseautomático”,afirmaCindyZipf,
directoraexecutivadaCleanOceanAction.
Esteplásticoé o acetatodecelulose,o mesmo
materialutilizadonapelículafotográfica.Uma
veznooceano,decompõe-seemmicroplástico.
Antes disso, porém, os animais marinhos con-
fundem frequentemente as beatas com presas.
Na primeira metade do século XX, o número
de fumadores nos EUA aumentou bastante, bem
como a incidência do cancro no pulmão e outros
problemas de
saúde relacio-
nados com o
fumo. As em-
presas desen-
volveram fil-
tros na década
de 1950, alega-
damente com
o objectivo de redução dos carcinógenos conti-
dos no fumo. Por ironia, eles não parecem dimi-
nuir o número de mortes por cancro: talvez não
retiremos qualquer benefício dos
filtros antes de estes serem negligen-
temente deitados fora.
Agora, as praias estão a ser atin-
gidas pela mais recente tecnologia
de fumo: os cigarros electrónicos.
Mais de dez milhões de fumadores
dos EUA consomem cigarros elec-
trónicos e muitos tratam-nos como
cigarros convencionais, limitando-
-se a deitá-los para o chão. — TIK ROOT

PNEUS


OS FILTROS NÃO
PARECEM REDUZIR O
NÚMERO DE MORTES
POR CANCRO E CAUSAM
POLUIÇÃO AMBIENTAL.

D E
PLÁSTICO
DESDEA
DÉCADADE
1950

D E
PLÁSTICO
DESDE
1909

CIGARROS


COMO MELHORAR


  1. Elimine as pontas de cigarro.

  2. Enrole os seus cigarros, sem filtros.

  3. Não consuma cigarros electrónicos,
    excepto se os puder reciclar.


COMO MELHORAR


  1. Partilhe o automóvel se
    tiver mesmo de o usar.

  2. Quando substituir
    pneus, confirme que os
    velhos são reciclados.

  3. Use transportes
    públicos sempre que
    possível.

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