National Geographic - Portugal - Edição 225 (2019-12)

(Antfer) #1
VICIADOSEMPL ́ÁSTICO 75

Oplásticotransparentee
flexívelqueconhecemos
comopelículaaderente
começouporserumfracasso
daquímica:umresíduoque
aderiuaofundodeum
recipientenumlaboratório,
nadécadade1930.Na
décadade1940,o material
erausadoparafabricarforros
parabancosdeautomóveise
demetropolitano.Hoje,
consumidoresdetodoo
mundoutilizampelícula
deplástico,resistenteà
água,paraprotegeros
alimentos.Oinvólucroé
descartadocomolixoapós
umaúnicautilização.

Consomem-semilhõesde
rolosdepelículaaderente
todososanos.É bara-
ta,levee mantémos
alimentosfrescos.Isto
ajudaa diminuiro
desperdíciode
génerosalimentares,
umproblematãoimpor-
tantecomoa poluição.
Adescobertaoriginal
chamava-secloretode
polivinilideno,ouPVDC,
patenteadosobo nome
Saran.Outraspelículaseram
fabricadasa partirdecloreto
depolivinilo,ouPVC.
Quandoincinerados,esses
compostosgeram

subprodutostóxicos,razão
pelaqualmuitasempresas
passarama fabricar
películasde
polietileno.
Areciclagemde
películanãoé
economicamente
viável.Quandovaiparar
aosriose aooceano,
decompõe-seem
microplástico,queagrega
micróbiose componentes
metálicos.Deseguida,
essesfragmentosde
plásticocausamdanosaos
animais,queosconfundem
comalimentos.—SARAH
GIBBENS

INVÓLUCROS DE ALIMENTOS


O PLÁSTICO INVADE os aspectos mais ínti-
mos da vida moderna. A maior parte das
mulheres norte-americanas menstrua
durante cerca de 40 anos, sangrando
entre 2 e 10 anos no total. Todo este fl uxo
menstrual tem de ir para algum sítio e
esse sítio acaba por ser ou um tampão
ou um penso higiénico – cerca de dez
mil por mulher. A maior parte dos tampões
vende-se empacotada em plástico e envolta
em aplicadores de plástico. Muitos até incluem
uma película de plástico fi na em torno do próprio tam-
pão. Os pensos higiénicos contêm ainda mais plástico,
desde a base à prova de fugas aos produtos sintéticos
que absorvem o fl uxo e a embalagem.
Nem sempre foi assim: existiram em tempos proto-
tampões fabricados a partir de matérias naturais como
rolos de erva, papel, algodão ou lã. Os primeiros pensos
higiénicos comercialmente bem-sucedidos, vendidos
soba marcaKotex,surgiramnomercadoem1921.
A empresaKimberly-Clarkfabricava-oscomCelluco-
tton,ummaterialabsorventefeitoa partirdepolpade
madeira,queforadesenvolvidopara
ligadurasmédicasnaPrimeiraGrande
Guerra.Cercade 15 anosmaistarde,os
tampõesmodernostornaram-sedispo-
níveise duranteváriasdécadassofreram

poucas alterações até à revolução do plástico.
“Na década de 1960, a ciência dos materiais
conheceu um crescimento acelerado”,
afi rma a historiadora Sharra Vostral. “Os
químicos e os fabricantes tentavam,
activamente, descobrir novas aplicações
para os superabsorventes já concebidos.”
Poucas mulheres que usam pensos
higiénicos querem regressar à era pré-plás-
tico. Os tampões, porém, são outra história.
Na Europa, os tampões podem vir embrulhados
em plástico e ter fi os de poliéster, mas as mulheres
normalmente não usam aplicadores de plástico para
os inserirem, enquanto nos EUA, os aplicadores de
plástico são populares. Eis um bom exemplo de um
princípio geral: muito do nosso consumo de plástico
é uma escolha determinada por razões culturais. Não
é um imperativo tecnológico. — ALEJANDRA BORUNDA

D E
PLÁSTICO
DESDEA
DÉCADADE
1950

D E
PLÁSTICO
DESDEA
DÉCADADE
1930

TAMPÕES


COMOMELHORAR
1.Usepelículareutili-
závelfeitaa partirde
ceradeabelha.
2.Guardeosrestos
alimentaresem
recipientesdevidro.
3.Evitecomidaembru-
lhadaemplástico.

COMO MELHORAR


  1. Mude para copos menstruais ou pensos reutilizáveis.

  2. Opte por tampões sem aplicador ou com aplicador
    em cartão.
    3 Experimente usar roupa interior menstrual reutilizável.


ILUSTRAÇÕES DE PABLO AMARGO

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