CRISENATUNDRA 83
Em 23 milhões de quilómetros quadrados, as
alterações climáticas estão a escrever um novo
capítulo. O permafrost do Árctico não está a der-
reter gradualmente, contrariando as antigas pre-
visões dos cientistas. Em termos geológicos, está
a derreter quase da noite para o dia. Tal como os
solos semelhantes aos de Duvanny Yar, moles e
em processo de dissolução, estão a revelar ves-
tígios de animais selvagens antigos e massas de
carbono que foram encerrados em terra conge-
lada durante milénios. Entrando na atmosfera
sob a forma de metano ou dióxido de carbono, o
carbono promete acelerar as alterações climáti-
cas, enquanto os seres humanos se esforçam por
controlar as emissões de combustíveis fósseis.
Poucas pessoas compreendem melhor esta
ameaça do que Serguei Zimov. Num posto de
investigação periclitante instalado na aldeia
garimpeira de Cherskiy, a cerca de três horas
de lancha motorizada de Duvanny Yar, Serguei
passou décadas a escavar os mistérios de um
Árctico em aquecimento. Enquanto o fazia,
ajudou a revolucionar o conhecimento conven-
cional, sobretudo a ideia de que, na era glaciar
do Plistocénico, o extremo setentrional era um
deserto ininterrupto de gelo e solos finos com
vegetação rasteira.
A organização sem fins lucrativos National Geographic
Society ajudou a financiar esta reportagem.