Policial
sul-africano ataca
manifestante con-
tra o Apartheid
durante protestos
em Joanesburgo,
na África do Sul.
“Qual é a utlidade
de ensinar matemá-
tica a uma criança
Bant [negra sul-a-
fricana] se ela não
tem como usá-la na
prátca? A educação
deve teinar as pes-
soas de acordo com as oportnidades que
elas têm na vida.” A declaração foi feita,
em meados dos anos 1950, pelo homem
responsável por estabelecer os direitos e
deveres da população negra na África do
Sul da época.
Seu nome era Hendrik Verwoerd (1901
- 1966), o polítco que viria a ser conhe-
cido mundialmente como o arquiteto do
Apartheid – primeiro como “ministo de
Assuntos Natvos”, depois como primeiro-
ministo. Na educação, Verwoerd criou um
estatto que impunha às crianças negras
um ensino extemamente inferior ao ofere-
cido aos flhos dos brancos (e 20 vezes mais
barato). Os negros estdavam em escolas
precárias, superlotadas, com professores
mal preparados. Até aí, nada muito dife-
rente do que acontece com a população
negra, pobre, no Brasil – agora em pleno
século 21. Mas a polítca segregacionista
dos sul-africanos conseguia ser ainda mais
cruel: enquanto crianças brancas aprendiam
línguas, ciências, história e aritmétca, o
foco da educação para negros era o tabalho
braçal. Planto, conservação do solo, tare-
fas doméstcas... Crianças teinadas para a
servidão por polítca de Estado. “Os negros
nunca devem ser apresentados aos pastos
mais verdes da educação”, afrmaria o mi-
nisto. “Eles precisam saber desde cedo que
sua sitação na vida é a de cortadores de
lenha e carregadores de água.”
A educação desigual é só um ente os
muitos exemplos da polítca criminosa que
foi o Apartheid na África do Sul. O regime
impedia os negros de ascender socialmente,
de votar, de escolher onde morar, no que
tabalhar e de circular livremente. Uma his-
tória de preconceito, ódio e autoritarismo
que revoltaria o mundo, mas que também
teve heróis.
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