Dossiê Superinteressante - Edição 398-A (2019-01)

(Antfer) #1
Reservas de Amenidades Separadas, de
1953, estabeleceu os locais públicos que
podiam ou não ser usados por negros.
Na prátca, separava de vez o cotdiano
de brancos e “seus vizinhos”.
Direitos tabalhistas? Os mineiros
negros ganhavam cerca de 15 vezes me-
nos do que seus pares brancos, taba-
lhando 15 horas a mais por semana atás
de pedras preciosas. Eram confnados
em alojamentos distantes de suas áreas
de moradia e não podiam receber visi-
ta da família. Em sua grande maioria,
os negros eram mineiros, operários
ou empregados domésticos. Faziam
apenas o tabalho sujo que nenhum
branco queria.

Pela igualdade – e pela cerveja
A minoria branca tnha o poder econô-
mico e as armas da polícia. Isso explica a

longevidade da submissão da maioria do
povo sul-africano a um governo que só
queria saber de arrasá-lo. Mas nem sem-
pre foi de cabeça baixa. A resistência ao
regime segregacionista existu desde o
começo. E nem era exclusividade dos ne-
gros: brancos progressistas e veteranos
da 2ª Guerra também se opuseram ao
Apartheid. Ente eles, muitas mulheres.
A professora inglesa Helen Joseph
foi uma delas. Chocada com a sitação
das negras na África do Sul, ela criou a
Federação das Mulheres Sul-Africanas,
um grupo de lobby, e liderou em 1956
uma marcha de 20 mil mulheres em
Pretória, conta a Lei do Passe. As mani-
festantes permaneceram 30 minutos em
frente ao palácio do governo, cantando

Nos anos 1950, placas
encontradas nos arre-
dores de Joanesburgo
alertavam: “Cuidado
com os nativos”.

ONDE BRANCOs


NÃO têm vEz
Outra forma de racismo
legalizado existe até hoje
na Libéria. Só que lá é o
oposto: brancos não têm
direito à cidadania. Um
artigo da ConstituiÁão
do país diz o seguinte:
“A fm de preservar,
fomentar e manter a
cultura, valores e caráter
positivos liberianos,
apenas pessoas que são
negras ou descendentes
de negros devem se
qualifcar por nascimento
ou por naturalizaÁão a
ser cidadãs da Libéria”.
O racismo contra
brancos tem a ver com a
curiosa história do país:
um dos únicos (o outro é
a Etiópia) a não ter colo-
nizaÁão europeia na Áfri-
ca, a Libéria foi fundada
por ex-escravos dos EUA.
No fm da escravatura,
muitos achavam que
negros recém-libertos
deviam ter um país para
eles mesmos. Foi com
isso em mente que ame-
ricanos ricos fundaram
a Sociedade Americana
de Colonização, que
comprou terras na África
e apoiou a administraÁão
de uma colônia de
alforriados no local.
A Libéria se tornaria o
primeiro país africano a
se tornar independente,
em 1847. A regra da
cidadania só para negros
seria, para muitos, uma
forma de manter o
país fel a suas origens.
O atual presidente,
George Weah, ex-ídolo
do futebol, é contra.
Weah acha a lei racista.

Foto

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