África do século 21 61
AjudinhA finAnceirA
% do total de empréstimos chineses recebidos (2000-2015).
principAis AliAdos
Países que mais receberam investimento direto
da China (2015), em milhões de dólares.
para onde vai o dinheiro
Onde estão as maiores apostas dos
chineses no continente africano.
211
226
233
282
283
20,4
13,8
7,3
6,9
3
31,3
3,4
3
3,9
Argélia
Tanzânia
África do Sul
Quênia
Gana
Angola
Etiópia
Quênia
Nigéria Sudão
Rep.
Dem.
do
Congo
República
do Congo
Outros
Gana
Uganda
Camarões
3,7
3,3
É esse novo cenário que torna a China tão
mais infuente na região. Cada vez mais endi-
vidados, alguns governos de nações menores
têm se tornado extemamente dependentes
da boa vontade de Xi Jinping. Em Djiboti,
um país de menos de 1 milhão de habitantes
encravado ente Somália, Eriteia e Etópia, a
dívida externa saltou de 50% para 85% do PIB
nos últmos dois anos, graças aos empréstmos
chineses. A sitação se repete pelo contnente
- a China já fnanciou mais de 3 mil projetos
de infraestutra na África desde a virada do
século. Com seu sistema de partdo único e
pesada censura e perseguição a quem questona
o governo, a China também conta com uma
“vantagem” em relação às democracias ociden-
tais: não precisa se preocupar com eventais
crises de relações públicas por ajudar governos
que, com frequência, são também ditaduras.
Assim, Xi Jinping pode passar por cima de
crítcas como aquelas que o governo brasileiro
sofreu, por exemplo, ao emprestar dinheiro a
países africanos por meio do BNDES.
Quando ainda era secretária de Estado no
governo de Barack Obama, Hillary Clinton de-
fniu o domínio da China na região como um
“novo colonialismo”. Ela alertava que o boom
econômico dos últmos anos poderia, no longo
prazo, benefciar apenas as elites africanas e criar
Estados-fantoches. Apesar disso, na prátca os
investmentos chineses são mais diversifca-
dos que os dos norte-americanos. Dois terços
das verbas vindas dos EUA ajudam a fnanciar
projetos de mineração no contnente, que são
mais lucratvos, mas têm pouco efeito direto
na vida da maioria da população – no caso da
China, a proporção desse setor é menos de um
terço e há foco maior na infraestutra utlizada
diariamente pelas pessoas.
O próximo passo de Jinping já está defnido:
nos próximos dez anos, a China pretende in-
vestr US$ 10 bi para constuir um megaporto
internacional em Bagamoyo, cidadezinha de
pescadores na costa da Tanzânia. A ideia é re-
petr, na África, o que aconteceu com a cidade
chinesa de Shenzhen que, após virar um hub
portário, tornou-se um polo tecnológico com
mais de 20 milhões de pessoas. Se o projeto sair
do papel, Bagamoyo será o maior porto africano,
facilitando o comércio com a Ásia – e tornando
os laços com a China ainda mais sólidos. No
xadrez polítco do século 21, é Pequim quem
desponta na hora de fazer aliados na África.
fonteUniversidade Johns Hopkins (EUA). China-Africa Research Initiative da Escola de Estudos Internacionais Avançados da
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