O Mundo da Fotografia - Edição 153 (2018-01)

(Antfer) #1

as pessoas mais simpáticas que já
conheci... Gostam mesmo que os
estrangeiros lá vão. São um povo
muito hospitaleiro – em todo o lado
convidam-te para beber, comer,
dormir.
Do que gosto mesmo é do ritmo
lento. Não está excessivamente
desenvolvido – nas montanhas, as
pessoas vivem como sempre fizeram,
o que é muito bom. Gosto disso. Gosto
de estar lá. É essa a razão do meu
trabalho – quero ir a sítios que
gostaria de visitar mesmo que não
fosse fotógrafo.
“Há muito menos regras por lá.
A ideia de liberdade atrai-me
mentalmente, fisicamente
e visualmente. Quando há menos


Acima
Uma estrada
no Montenegro,
2016, de Wolf.

restrições, acontecem mais coisas
de que não estás à espera. Por
exemplo, pode haver um
casamento e os convidados
sacam das armas e começam
a disparar para o ar porque
gostam de fazê-lo, e é como se
fosse uma tradição. Na Bélgica, os
vizinhos chamariam a polícia,
mas nos Balcãs os vizinhos
pegam nas armas e participam.”

Elementos naturais
Fotografado na Europa e na Ásia
Central, Wolf é um projeto que
olha para vida que se desenrola
na natureza em toda a sua força.
É pedregosa e texturada, fria
e dura, com vacas noturnas

e rebanhos de ovelhas. As imagens
de Frederik mostram cenários
surpreendentes e comunidades
remotas. Há neve, mas também
há o interior de um silo de milho,
pele de urso pregada ao chão a ser
curtida e um homem a andar
à noite, iluminado por faróis.
Horse Head é um projeto mais
discreto, focado na comunidade
de uma aldeia do Quirguistão,
cuja vida é moldada pelas viagens
a cavalo para guiar as ovelhas
para as pastagens a norte no
verão, e a mantê-las seguras
durante as tempestades no
inverno. O estilo de vida deste
povo seminómada parece fazer
eco, de certa forma, da

JANEIRO 2018^ O MUNDO DA FOTOGRAFIA^65
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