Viajar Pelo Mundo - Edição 115 (2019-02)

(Antfer) #1
ARGENTINA

76 VIAJAR pelo Mundo


SALTA


e
JUJUY

A


brisa insistente refrescava um
pouquinho o calorão abafado da
região. As horas de estrada (e
muita poeira) tinham perdido completa-
mente a importância diante do cenário
surreal que se desenrolava à minha fren-
te. Rochedos enfileirados de terra aver-
melhada, esculpidos como que proposi-
talmente, cercam imensos cânions, vales
e depressões com miolos verdes e criam
uma paisagem tão única e espetacular
que tem um quê de extraterrena. A cha-
mada Quebrada de las Conchas é, sem
dúvida, um dos pedaços mais bonitos
do norte da Argentina − e quiçá de to-
do o país. Esse trechinho é apenas uma
das muitas belezas da província de Salta,
que ganha ainda mais graça se combina-
da à vizinha Jujuy. Passando ainda por
lugares como Cafayate e Cachi, a aven-
tura off-road, recheada de recortes es-
petaculares de rochedos, cânions, picos
nevados e outras paisagens de encher os
olhos se completa com adoráveis cida-
dezinhas coloniais e os ótimos vinhos de
altitude produzidos na região.

SALTA:
CENTRO DE TUDO
Localizada perto da Cordilheira dos
Andes, a quase 1.200 metros de altitude,
a cidade de Salta tornou-se uma parada
importante das rotas comerciais que su-
biam do sul do continente rumo às mi-
nas bolivianas. Hoje, é uma das cida-
des mais importantes da Argentina (com
mais de 600 mil habitantes) e seu centro

Essas duas províncias no norte da Argentina guardam paisagens
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cultura particular, personalidade própria e alguns dos melhores vinhos do país
Por Mari Campos

é representado pela Plaza 9 de Julio, com
sua inconfundível catedral do século 19,
em estilo rococó, e o Cabildo, sede do
poder municipal durante a colonização.
A catedral vale definitivamente a visita,
mas meu maior interesse por ali, confes-
so, era a “tríade de museus”: o Histórico
do Norte, o de Arqueologia de Alta Mon-
tanha e o de Arte Contemporânea, todos
excelentes para entender bem a história
e a cultura da região (incluindo a precio-
sa coleção de múmias incas encontradas
a 6.739 metros de altitude na fronteira
com o Chile).
Ainda no centro, também é uma boa
ideia conhecer o Museu de Belas Artes,
num bonito prédio do século 19, e a mul-
ticolorida Igreja de São Francisco. Dia e
noite, boa parte dos bares, cafés e restau-
rantes se concentra na rua Balcarce − in-
cluindo vários com música ao vivo. Dali
estique ao belo Parque San Martín, uma
imensa área verde em pleno centro − se
estiver rolando feirinha (é comum nos fi-
nais de semana), algumas barraquinhas
são o pretexto perfeito para provar as fa-
mosas empanadas salteñas de carne e
queijo (a entrada mais comum em qual-
quer restaurante da região).
Em dia de tempo firme, tome o tele-
férico até o topo do Cerro San Bernar-
do; nele, há boa estrutura para visitantes
(incluindo café, banheiros, lojinhas etc.)
e a vista lá do alto contempla toda a ci-
dade e boa parte dos arredores. Para os
mais atléticos e empolgados, é possível
também fazer a subida a pé. Fotos: Carlos Marcondes, Shutterstock.com e divulgação
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