Viajar Pelo Mundo - Edição 115 (2019-02)

(Antfer) #1
Fotos: Min Jing/ Dignity 100/ Shutterstock.com

IRLANDA DO NORTE

88 VIAJAR pelo Mundo


As questões políticas não estão total-
mente resolvidas e ainda há muros e ara-
me farpado dividindo determinadas áreas
de Belfast, cidade de 280 mil habitantes.
Até hoje, dificilmente um legalista mora
em área nacionalista ou vice-versa. Para o
turista, não há diferença. No centro, todos
convivem sem problemas. A capital se re-
constrói e novos edifícios surgem em meio
aos antigos. Os muros, alguns com portões
que fecham à noite, são pontos turísticos.
São chamados de “muros da paz”. O
mais extenso e famoso é o da Cupar Way,
hoje coberto de desenhos pregando har-
monia. Outros grafites, da década de
1980, são partidários e contam a história
recente defendendo em cores fortes um
lado ou outro. Há tours organizados para
ver os murais em black cabs, os tradicio-
nais táxis pretos. É possível fazer um ro-
teiro informal em táxi comum ou Uber,
que funciona bem na Irlanda do Norte.
Só é complicado usar transporte público,
porque não há ônibus com ligação dire-
ta entre bairros nacionalistas e legalistas.
Um pouco mais dessa fase cinzenta
da história da Irlanda do Norte é contex-
tualizada em uma interessante exposição
permanente no Ulster Museum. O boni-
to museu, o maior do país, tem um pou-
co de tudo: dinossauros, múmias, obras
de arte moderna, como as esculturas de
dragão do artista Bob Johnston, e muito
mais. É gratuito e fica no Queen’s Quar-
ter, ao lado do agradável Jardim Botânico.

Outro ponto essencial em um rotei-
ro pela capital é a monumental Belfast
City Hall, que fica na Donegall Squa-
re, o coração da cidade. A escada prin-
cipal do Titanic teria sido inspirada na
escadaria da prefeitura, inaugurada em
1906 e aberta à visitação. O pub mais
antigo, bonito e famoso de Belfast, por
sua vez, está a menos de dez minutos
de caminhada. É o Crown, na Great
Victoria Street. A sensação é de entrar
em um túnel do tempo e desembarcar
em 1885, em plena era vitoriana. Mes-
mo quem não bebe cerveja nem gim vai
apreciar vitrais, mosaicos e marcenaria,
tudo muito bem preservado.
A gastronomia, um ponto fraco do
país até recentemente, também evo-
luiu. Belfast hoje tem até uma escola
de culinária. Na Cookery School at Ja-
mes Street South, comandada pelo chef
Niall McKenna e um bom exemplo des-
sa nova fase, é possível fazer uma aula
com no máximo 12 pessoas. É uma di-
vertida lição prática, e não apenas uma
demonstração. Todos os alunos têm a
oportunidade de preparar algo, inde-
pendentemente do grau de habilidade.
McKenna tem ainda quatro restauran-
tes na capital. O The Bar + Grill at Ja-
mes Street South fica no térreo da es-
cola de culinária e segue a tendência
mundial de valorizar produtos locais e
sazonais em ambiente contemporâneo.
Outra de suas casas é o bar de vinhos
Hadskis, com boa comida e localizado
no Cathedral Quarter, uma das áreas
mais antigas da cidade.
O epicentro da vida boêmia e cul-
tural de Belfast, por sinal, fica em tor-
no da Catedral de Santa Ana, com ru-
as calçadas em pedra e bares animados
que reúnem moradores e turistas. Du-
rante as gravações de Game of Thrones,
aliás, atores como Kit Harington (Jon
Snow) e Emilia Clarke (Daenerys Targa-
ryen) costumavam aparecer pelos pubs
da cidade. Também a hotelaria está em
franca ascensão na cidade. O maior ho-
tel da Irlanda do Norte, Grand Central,
foi aberto na capital em 2018, com 300
quartos e um lounge no terraço com vis-
ta para a cidade.

THE CROWN PUB

ESCULTURAS DO
ARTISTA BOB
JOHNSTON NO
ULSTER MUSEUM
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