Motociclismo - Edição 254 (2019-02)

(Antfer) #1

82 motociclismo FEVEREIRO 2019


CRÔNICA


C


ontinuando a saga da edição passada...
Para quem não se lembra, foi a nossa ida
ao mercado com um scooter e suas conse-
quências. Pois bem, depois de passar pe-
lo caixa com as compras exageradas, che-
ga a hora de retornar ao aconchego de sua casa.
Drama 1, acomodar tranqueiras: na garagem do
mercado você chega com aquele carrinho amon-
toado de troços e olha angustiado para o scoo-
ter. Recomendo já no caixa separar coisas pesa-
das para colocar embaixo do banco, pois nesse
caso a moto fi ca até mais estável e funciona como
o lastro de um barco. Coisas leves invariavelmen-
te vão onde dá para pendurar, mas cuidado com o
guidão, principalmente o lado direito dele, pois tem
um troço chamado acelerador por ali. O lugar de
coisas frágeis é a mochila, onde fi cam mais pro-
tegidas e quase isentas do efeito pula-pula graças
ao exímio asfaltamento de nossas ruas, a não ser
que faça uma freada brusca e a garupa esmague
tudo entre vocês. O baú é o local para coisas nem
leves, nem pesadas, nem grandes nem pequenas,
mas nunca frágeis. Os ganchos laterais, também
conhecidos como “mão dos (as) garupas”, sempre
servem para “o que sobra” e que não cabe em ne-
nhum lugar já mencionado.
Interlúdio – lembre-se: tudo o que fi ca pendu-
rado, pode desestabilizar a moto no retorno ao
lar. Estes pesos funcionam como coisas no mas-
tro de um barco a vela e o veículo pode se tornar
difícil de pilotar, levando a moto à sarjeta ou até
mesmo subir na calçada e virar uma arma em po-
tencial, atropelando pessoas e causando um ge-
nocídio na madrugada, cena esta que fi cará difí-
cil explicar às autoridades de plantão (se você es-
tiver vivo para isso) – fi m do interlúdio.
Drama 2, o retorno: pronto! Ligue a motinha e
rume com calma para a rampa (quando não tem
rampa é muito melhor). Já na rua, lembre-se que
sua largura aumentou e sua agilidade diminuiu, e
passar no corredor entre os carros deixa de ser
uma tarefa simples. Uma vez inevitavelmente en-
costei em um veículo no farol, pois a sacola do la-

do esquerdo estava puxando muito o guidão pa-
ra a lateral. A sorte é que esta era a sacola das
bolachas (sim, não são biscoitos, são bolachas
na minha terra) e acabei tendo que dar um paco-
te de recheadas de chocolate (as minhas preferi-
das) para o motorista indócil do carro (importado!
Ora, veja). Ainda bem que foi só uma marquinha
no retrovisor, senão teria que deixar o espuman-
te importado que estava debaixo do banco. Use
sempre sacos duplos nos produtos pendurados
(seja onde for), pois uma vez usei sacola simples
e uma latinha de refri saiu rolando ladeira abaixo,
explodindo em um ponto de ônibus, causando
uma comoção e reação nada simpática dos tra-
balhadores que lá esperavam a lotação para co-
migo. Fora quando seus produtos não atingem
ninguém no percurso de volta, os transeuntes são
cordiais contigo, até parando perplexos na faixa
de pedestre para que você passe de moto. Soli-
dariedade! Keep riding!

Roberto Severo é
paulistano e apaixonado
por pessoas e motos,
não necessariamente
nessa ordem.

Supermercados


da vida (2)


Série “leia, mas não faça”: depois das compras,
leve para casa o que não devia ter comprado

por ROBERTO SEVERO

Ilustração Andréa Guimarães, sobre foto da iStock

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