Freud e seus Fantasmas - Rafael Rocha Daud

(Antfer) #1

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Sigmund Schlomo Freud

Apenas quando tiver estado diante de um analista
com experiência, que o tenha conduzido através dos
enganos de seu próprio inconsciente, chegando a
conhecer aquilo que, normalmente, permaneceria
não-sabido, apenas então esse candidato a analista
estará em condições de analisar, em outra pessoa,
os mecanismos através dos quais o não-sabido dessa
pessoa se esconde dela mesma, os mecanismos
que a impedem de reconhecer seus pensamentos
inconscientes como sendo seus próprios. Para isso,
terá de desenvolver um estilo capaz de suportar a
fala daquela pessoa, vazia, queixosa, que não fala de
si e não se dirige a ninguém específico, até que se
torne uma fala plena, responsável, capaz de falar de
si e dirigir-se a alguém, o analista. Este é o momento
quando a análise pode ocorrer, e o não-sabido, ser
reconhecido.
Dessa maneira, para formar um analista, é
preciso outro analista, mais experiente. No caso
da arquitetura, também. Os primeiros arquitetos
inspiravam-se nos exemplos da natureza, nos animais
que constroem tocas e ninhos, nas cavernas que
abrigavam os primitivos, e aos poucos as diversas
técnicas iam sendo criadas para produzir uma
habitação. Os psicanalistas não têm esse recurso. A
psicanálise é algo que somente pode se dar a partir
da fala humana, portanto, a observação da natureza
não pode socorrê-la. Da mesma forma, as técnicas
não podem ser incrementadas aos poucos, desde
alguma base simples até sistemas complexos: todo o

“As técnicas de análise não podem ser incrementadas
aos poucos, desde alguma base simples até sistemas
complexos, todo o essencial da técnica teve de ser
criado de uma vez.”
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