Freud e seus Fantasmas - Rafael Rocha Daud

(Antfer) #1

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função de preservar o sono, tente dar conta dessas forças
antagônicas, realizando, a um tempo, o desejo simpático
àquela pessoa, mas também o desejo agressivo. Ele nunca
poderia fazer isso representando aquela pessoa como ela
é. Por isso, nos sonhos visitamos lugares que não existem,
vemos pessoas desconhecidas, verificamos que chamamos
a pessoa por um nome, mas temos claro em nossa mente
que se trata, na verdade, de outra pessoa.
Todas as características do que vemos nos sonhos se
tornam embaralhadas, por meio dos mecanismos do
deslocamento e da condensação, para que aqueles desejos
antagônicos possam ser representados, lado a lado, e a
ambiguidade possa aparecer com toda sua intensidade.


Com isso, podemos também compreender outra
característica dos sonhos e, com eles, do inconsciente.
Tal é a circunstância de não haver, nos sonhos nem no
inconsciente, a noção lógica de contradição. Não há nada
num sonho que possa representar a noção, cotidianamente
trivial, do ‘não’. O sonho representa coisas positivas: fatos,
pessoas, lugares, palavras. Suas representações de coisas e
de palavras são sempre afirmativas, nunca negativas. Um
sonho não conhece qualquer maneira de formular a ideia
de que “não é isso”.


Sonhos: realizações de anseios


Sobre essa questão, há uma história bem interessante
e que pode elucidar bastante a natureza dos sonhos e a
circunstância de que sempre sejam realizações de desejos,


“Não há nada num sonho que possa
representar a noção, cotidianamente trivial,
do ‘não’ — o sonho representa coisas positivas:
fatos, pessoas, lugares, palavras.”

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