Freud e seus Fantasmas - Rafael Rocha Daud

(Antfer) #1

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Q


uando o criador da psicanálise, Sigmund
Freud, viu aproximar-se o final do século
XIX, estabeleceu para si que escolheria
aquela data, de resto completamente
arbitrária, para oferecer ao mundo o
que considerava sua obra mais importante até então: A
Interpretação dos Sonhos.
Embora houvesse concluído a redação do livro
em 1899, e sua primeira edição tenha sido impressa
nesse ano, Freud solicitou que fizesse imprimir no
frontispício o ano 1900. Tratava-se de marcar, com
o número redondo, a convicção que tinha então de
que essa obra significaria o início de uma nova época.


Freud estava, a um tempo, certo e errado. Errado,
porque essa primeira edição vendeu pouco, e
demorou até que sua importância fosse reconhecida.
Mas também estava certo porque, quando a
psicanálise alcançou círculos mais amplos, passou
a ser considerada um método revolucionário no
tratamento das enfermidades mentais e na leitura
e interpretação dos fenômenos sociais como um
todo. Ali estava contido, em essência, o que fazia da
psicanálise um método poderoso, que influenciou
gerações de médicos, psiquiatras e psicanalistas, e
as ciências de um modo geral.


A partir de então, Freud passou a ser procurado
a fim de discutir temas relevantes à psicologia e a
todas as ciências do homem. É claro, também havia
resistência às concepções recém-descobertas e aos
conceitos desenvolvidos por Freud, mas mesmo
aqueles que gostariam, não eram mais capazes
de desprezar o que Freud apresentava: o máximo
que podiam era odiar aquela novidade; podiam
compreendê-la mal e podiam criticá-la, com ou sem

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