Freud e seus Fantasmas - Rafael Rocha Daud

(Antfer) #1

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quando nos exigimos sair da cama cedo num dia em que
não havia qualquer compromisso que nos obrigasse: o
Eu gostaria de ficar mais tempo dormindo, mas algo
em nós exige um esforço extra, quem sabe começar
uma rotina ou hábito novo, quem sabe cumprir algo
que sempre adiamos, etc.


O superego


À outra parte de nós que assim nos exige, Freud
deu o nome de superego, ou supereu. O prefixo super
aí não deve ser entendido como de algo mais forte,
mais capaz, mais inteligente, como alguma espécie
de versão super-herói do Eu. Em vez disso, super aí
deve ser entendido como algo superior: tanto como
uma autoridade que ascende sobre o Eu quanto uma
espécie de supervisor, que observa o que o Eu faz e o
mede, comparando seu desempenho com algum ideal.
Caso o Eu se mostre inferior ao ideal (como é de se
esperar), o supereu atua no sentido de criticá-lo e até
mesmo agredi-lo. Todos conhecem essa experiência,
quase sempre desagradável, em maior ou menor grau:
sentimos que há algo em nós (podemos chamá-lo
pelo nome técnico, supereu, mas também podemos
chamá-lo consciência, autoconsciência, autoestima,
etc.) que se manifesta quando falhamos em algo, ou
agimos em desacordo com algum ideal que tínhamos:
recriminamos a nós mesmos, colocando-nos para
baixo, às vezes distribuindo, impiedosamente, críticas


“Sentimos que há algo em nós que se manifesta
quando falhamos em algo, ou agimos em desacordo
com algum ideal que tínhamos: recriminamos a nós
mesmos, às vezes distribuindo críticas impiedosas à
nossa própria conduta.”

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