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dos nossos pais, daqueles que cuidaram de nós quando
éramos mais indefesos e dependentes. Talvez uma
parte de nós ainda sinta que é indefesa e dependente,
e por isso precisa, mesmo simbolicamente ser o
centro de alguma coisa. E as ideias de Copérnico,
Darwin e Freud nos tiram esse lugar especial. Sem
ele, ficamos lançados a um campo perigoso de...
De quê? É essa a verdadeira resposta que Freud
consegue oferecer com seu livro, A Interpretação dos
Sonhos. Esse é o ponto alto que ele alcança, quando
descobre a chave da importância dos sonhos. Por que
sonhamos? Sonhamos para dormir, ele diz. É preciso
que encontremos algo de muito especial, no sonho,
para que nos seja tão penoso acordar, caso contrário
dificilmente permaneceríamos dormindo.
O que Freud afirma, nesse ponto, o que ele descobre
como aquilo que encontramos em nossos sonhos,
esse algo tão especial que nos mantém dormindo,
é tão simples que é quase incompreensível, mas é
bastante claro e Freud o afirma sem ressalvas: o que
encontramos no sonho é a realização de um desejo.
A primeira parte deste livro será dedicada a
explicar essa estranha afirmação. Nesta introdução,
pedimos ao leitor que a aceite, provisoriamente.
Aceite que, por exemplo, ao sonharmos com uma
viagem, não significa que faremos uma viagem, em
breve. Significa, simplesmente, que desejamos fazer
essa viagem. Ou significa que desejamos alguma
coisa que ocorre nessa viagem de sonhos.
“Ao sonharmos com uma viagem, não significa
que faremos uma viagem em breve. Significa, que
desejamos fazer essa viagem ou que desejamos
alguma coisa que ocorre nessa viagem de sonhos.”