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as duas grandes forças reconhecidas pela psicanálise
como atuantes em nossa psique: o amor e a morte. Com
grande superação pessoal, revisão de toda sua prática,
reconhecimento de seus erros anteriores e uma inabalável
crença no guia que sua própria clínica constituía, ou
em uma palavra, lembrando aquilo que havíamos dito
no início: não foi com o saber-fazer, savoir-faire dos
arquitetos, mas com o saber se posicionar, saber estar
aí, savoir-y-faire, na expressão de Lacan, que Freud foi
capaz de descobrir esses dois princípios, cada um a seu
tempo, realizando, assim, duas verdadeiras revoluções
em sua teoria e em sua vida, com reflexos duráveis em
todas as ciências que se voltam para a humanidade e para
o cuidado: o amor e a morte; o desejo e a destruição.
Cada um de nós carrega ambos, e a clínica criada por
Freud, a psicanálise, passou a ensinar a todos nós, os que
a praticam, os que dela se beneficiam e os que por ela se
interessam, que cada um de nós carrega a ambos, amor
e morte, desejo e destruição, e o pior que há é não saber
nada disso, ou, pior ainda, não saber que sabemos.