mais o corpo feminino (uma ideia que, alegadamente, terá tido
após ter reparado na forma como as calças assentavam no corpo
quando molhadas) – e por esse motivo, seguiram-se as aberturas
de lojas em Londres, em Carnaby Street, na zona de Soho, e em
Nova Iorque, na East 59th street, no Upper East Side. Sim, é
verdade. Parece mentira, mas num mundo sem internet, e onde
a informação circulava muito mais lentamente, o designer con-
seguiu – em menos de 10 anos – internacionalizar a sua marca.
Arriscamo-nos a dizer ainda mais: em menos de 10 anos, o desig-
ner conseguiu fazer com que a Fiorucci se tornasse um símbolo
da cultura pop, associando-se assim à nova forma de pensar das
pessoas mais jovens para quem a palavra de ordem era Liberdade.
Liberdade de pensamento, liberdade de amor, liberdade sexual.
De todos os espaços da marca, a "loja" de Nova Iorque acabou
por se tornar, sem sombra de dúvida, o mais memorável de todos.
Conhecido como o Studio54 do dia, era local de visita de inúmeras
caras conhecidas da indústria da moda e da cultura pop, que passavam
parte do seu tempo lá. Nomes como Andy Warhol – que chegou
mesmo a lançar lá uma edição da revista Interview e a dar sessões de
autógrafos na altura do lançamento do seu livro America –, Truman
Capote, Sofia Copolla ou Cher, eram presença assídua. Por outro
lado, Elizabeth Taylor e Jacqueline Kennedy Onassis costumavam
escolher o espaço para beber o seu café. E Madonna (sim a rainha da
Pop), com apenas 16 anos de idade, deu o seu primeiro concerto lá.
A Fiorucci na metrópole norte -americana era de tal forma popular
que os menos corajosos juntavam -se às dezenas junto às montras
da loja, curiosos por saber o que se estava a passar desta vez dentro
do espaço que, a cada três meses, mudava de aspeto.
Na década de 80 o sucesso continuou, muito por causa do direção
que seguiu. Quando na indústria da moda se vendia glamour, na
Fiorucci vendia -se sensualidade, punk e rock’n’roll e ainda, por
vezes, peças exclusivas personalizadas por artistas como Keith
Haring ou Jean -Michel Basquiat. Mas assim que entramos nos
anos 90 as coisas começam a mudar de figura, graças a uma série de
más decisões de negócios (diretamente relacionadas com a venda de
grande parte das ações da empresa). A grande consequência foi então
a queda da marca que acabou por cair no esquecimento quase total.
É só em 2012 que tudo começa a ganhar um novo rumo.
A Fiorucci é posta novamente à venda e depois de três anos de
negociações (que incluíram Sofia Coppola como uma potencial
compradora) a marca é, finalmente, vendida em 2015 a Janie e
Stephen Schaffer, os dois novos donos e grandes responsáveis por
conseguirem tornar a marca numa espécie de fénix da indústria
da moda. «Sempre fomos apaixonados pela Fiorucci, desde o seu
período áureo nos anos 80» afirmam à ELLE. «Foi sempre uma
marca incrível e em 2015 conseguimos finalmente comprá -la».
ESTILO
FOTOS: FIORUCCI (4) / RIZZOLI (12) / INSTAGRAM (5)
«A QUESTÃO ERA PERCEBER SE, DEPOIS
DE 25 ANOS, A MARCA SERIA CAPAZ DE
CAPTAR O INTERESSE DOS MILLENNIALS»
JANIE E STEPHEN SCHAFFER