senhower, a esposa de Dwight D. Eisenhower (presidente
dos EUA), que era vista como um exemplo a seguir por todo
o género feminino enquanto uma devota (e submissa) dona
de casa, esposa de um militar – uma atitude que agradava
bastante à sociedade machista – surgiu na tomada de posse
do seu marido, em 1953, com um vestido rosa adornado
por cristais. No mesmo ano, Marylin Monroe, que era um
símbolo de sensualidade, aparece com o seu icónico vesti-
do rosa em Os Homens Preferem as Loiras. Já em 1957,
no filme Cinderela em Paris, protagonizado por Audrey
Hepburn e Fred Astaire, Kay Thompson surge no início
do filme, no papel de Maggie Prescott, a diretora da revista
de moda Quality, afirmando que o rosa é a nova grande cor
da moda, cantando o tema Think Pink. Em 1959 é lançada
a primeira Barbie, com a sua caixa rosa. Em 1960, Jayne
Mansfield, que a indústria do cinema tentou rivalizar com
Monroe, abriu as portas da sua casa – e sim adivinhou – era
completamente rosa, tanto por dentro como por fora. E em
1963, Jacqueline Kennedy vestia um fato rosa no dia em
que o seu marido foi assassinado.
E agora diz: pois está tudo muito certo, mas só falaram
no caso norte-americano, e estão a esquecer-se de falar em
Portugal. Pois bem, é verdade, mas não se preocupe que
não nos esquecemos do nosso país. Como é mais do que
sabido, durante grande parte do século XX vivemos sob o
controlo de um regime ditatorial, que (como em todos do
mesmo género) olhou para questões relacionadas com a moda
como algo secundário, supérfluo – o que em parte estava
certo, uma vez que a maior preocupação para as famílias na
altura era, em primeiro lugar, ter dinheiro para pôr comida
na mesa. Portanto este tipo de mudanças não chegaram até
nós, ou eram sequer importantes. No entanto, no pós 25
de abril, mas mais concretamente com o aparecimento das
ecografias que permitiam saber o género do bebé, as coisas
mudaram de figura – tanto cá como além Atlântico. E esta
“moda” ganhou uma nova força. Finalmente, mães e pais
podiam preparar-se com antecedência para a chegada dos
seus rebentos. Sendo menina, o quarto pinta-se de rosa, as
roupinhas são rosa, até a colcha da cama, o berço e a alcofa
são rosa. Por outro lado, sendo menino, dá-se preferência ao
azul. Tudo é azul. As camisolinhas são azuis, os lençóis são
azuis, até as fraldas descartáveis que são compradas podem
trazer uma tirinha azul.
Para os pais, esta decisão de usar as cores para identificar
o género está, muitas das vezes, relacionada com a forma
como a sociedade vai olhar e interagir com os seu filho.
Especialmente se tivermos em conta que a maioria das
pessoas ajusta o seu comportamento de acordo com o género
da criança. Um bom exemplo disso são os brinquedos que
usamos para nos relacionar com os mais pequenos: no caso
de ser menina, em que convém que seja algo mais delicado,
as escolhas recaem nas bonecas ou nos fogões de brincar, en-
quanto que se for menino, que se quer mais forte e robusto,
optamos por jogar à bola ou a apanhada.
Nos dias de hoje, se por um lado continuam a existir
pessoas – mais velhas mas não só – que perpetuam esta
forma de identificar o género através da cor, por outro, existe
também já um série de pais que cada vez mais procuram
erradicar este estereótipo. Até porque se considerarmos
que na vida real nada é simplesmente preto e branco, no
que ao género diz respeito, também nunca nada pode ser
simplesmente rosa ou azul.
Mamie
Eisenhower,
em 1953.
Jacqueline Bouvier Kennedy, em 1961.