como uma luva. «Adoro esta imagem à Sophia Loren, de
uma mulher forte, simples e bela. Este ambiente de dolce
vita fala a todas as mulheres. É fácil identificarmo-nos com
esta feminilidade e este à vontade consigo própria. Não po-
deria sonhar com nada melhor do que vestir a pele de uma
bela italiana que canta numa trattoria». Até porque cantar
é uma das outras paixões de Emilia – herdada do pai – e a
atriz pondera mesmo gravar algumas canções um dia destes.
SEM MEDO DE FALAR
Em 2014, Emilia Clarke negociou arduamente com os
produtores d’A Guerra dos Tronos até conseguir ter uma
remuneração igual à dos seus parceiros masculinos. Uma
questão lógica de paridade para uma mulher empenhada,
nomeadamente no movimento Times’Up, que luta contra o
assédio sexual em Hollywood. Isto explica a forma como quer
gerir a sua carreira. «Adoro ser atriz. É a minha vida toda.
Mas no futuro quero investir mais na produção, estar onde
as grandes decisões são tomadas. Nesta profissão, o ideal é
iniciarmos os projetos artísticos nos quais queremos participar.
É a melhor forma de nos realizarmos plenamente». Com o
papel de Daenerys Targaryen, rainha legítima afastada do
trono que se liberta das suas correntes e lidera uma armada de
oprimidos, Emilia Clarke passou a ser vista como um ícone
feminista e uma figura do empoderamento. Para além disso,
na vida real, não hesita em criticar o Brexit, em apoiar as enfer-
meiras inglesas ou em preocupar-se com a crise que o sistema
de saúde britânico atravessa. Não é cansativo, ser um modelo
a seguir? «Não, porque ter um palco para nos exprimirmos
é fantástico e isto pode incitar outras mulheres a falarem.
Claro que existe uma certa pressão. Mas se as pessoas forem
honestas consigo próprias e com os outros, se falarem sobre
as suas fragilidades, as suas dificuldades, é mais fácil serem
ouvidas. Sempre estive convencida que os meus problemas
são exatamente os mesmos das outras pessoas...». Aqui está
uma rainha que sabe como é importante estar bem perto dos
seus súbditos. QP.W.
muito mais fácil de suportar». Com uma grande serenidade,
nunca se preocupou com o facto de não a reconhecerem na
rua. Aliás, sem a cabeleira prateada e os trajes medievais d’A
Guerra dos Tronos, não é fácil adivinhar no dia a dia que é
ela que incarna Daenerys Targaryen. «Dá-me imenso jeito»,
acrescenta. «Claro que gosto de saber que as pessoas gostam
do meu trabalho na série. Mas, ao mesmo tempo, é sempre
estranho quando pessoas que não conhecemos nos abordam.
Felizmente, tenho um pequeno grupo de amigos e uma família
que me fazem voltar a pôr os pés na terra imediatamente se eu
começar a ficar com manias. Dizem-me coisas do estilo: ‘Porque
é que esta pessoa está a falar contigo? Ah, esqueci-me, tu és
famosa...’». Atriz formada (saiu do prestigiado Drama Centre
London), jovem ávida de leituras e novos conhecimentos (tem
uma locução e vocabulário muitíssimo refinados), exerce a sua
profissão como uma arte à qual consagra toda a sua energia.
Ao ponto de, por vezes, se esquecer da vida amorosa.... Esteve
solteira durante muito tempo, mas recentemente, no final
de Outubro, confirmou através do Instagram que vivia uma
história de amor com o realizador Charlie McDowell, de 35
anos. Será que a rainha encontrou o seu rei?
A ARTE DE SER SOFISTICADA
Na campanha do perfume The Only One da marca Dolce
& Gabbana, usa um pequeno vestido preto que lhe assenta
STARS
SEMPRE ESTIVE
CONVENCIDA QUE OS
MEUS PROBLEMAS
SÃO EXATAMENTE OS
MESMOS DAS
OUTRAS PESSOAS
A Guerra dos Tronos (2011-2019) No início da série, a atriz aparecia frequentemente nua. Até que
bateu com o punho sobre a mesa e conseguiu que houvesse menos cenas de nus. No final da série, o seu papel
de rainha libertadora que lidera batalhões de oprimidos elevou-a ao estatuto de ícone feminista.
Terminator Genisys (2015) A forma como Emilia se envolveu num braço de ferro com os criadores deste
filme para ter uma remuneração tão elevada, ou superior até, à do seu co-protagonista, o ator Arnold
Schwarzenegger, é um autêntico caso de estudo.
Solo: A Star Wars Story (2018) Os papéis de mulheres em Star Wars podem ser convencionais e banais, mas
não quando Emilia Clarke está envolvida. Para este filme pediu que o seu papel fosse ambíguo, complexo,
capaz tanto do pior como do melhor, «como um homem». Resultado: ganhou a guerra das estrelas.
TUDO À VOLTA DO GIRL POWER
Ao longo da sua carreira, a atriz apareceu sempre como uma figura de empoderamento.