Elle Portugal - Edição 366 (2019-03)

(Antfer) #1

se quiserem tornar-se convincentes, elas


precisam de fazer alguma coisa com esse


dinheiro» diz Laura. «Não serve de nada


estampar frases feministas em produtos


se os lugares de topo dessas empresas são


completamente dominada por homens,


ou se pagam às suas funcionárias menos


do que os seus pares do sexo masculino».


É nesta atitude de rebanho – que


separa as que se dedicam à causa e as que


simplesmente se querem “colar” – que


se encontra o ponto fulcral do problema.


Kate Bosomworth chefe the marketing


na M&C Saatchi, argumenta que a explo-


são do falso empoderamente de hoje foi


inspirado por uma série de tentativas


genuínas de empresas se envolverem nos


problemas das mulheres. «A campanha de


2004 da Dove foi a primeira deste tipo»


diz-me ela. «Depois tivemos as da Pante-


ne – nas quais eu estive envolvida. Estas


campanhas foram desafiantes, disruptivas


e realmente mudaram as normas».


«No entanto, as marcas que vestiram


essa essa camisola nem sempre foram ho-


nestas. Assim como nós, elas precisavam


de ter observado através de um ponto de


vista real para poder resolver os problemas


e ajudar verdadeiramente; não chegava


acharem que tinham descoberto uma


verdade de que ninguém falava. Não dá


para fazê-lo apenas pondo mulheres nos


seus anúncios». Como exemplo de uma


nós merecemos. Até a crise financeira de


2007-2008, que parecia ter feito abrandar


o consumismo feminino, na verdade, só


fez com que este continuasse vivo, mas


habilmente praticado às escondidas.


Quando emergiu, já não estava


confinado apenas ao bens de luxo, tornou-


-se numa estratégia de marketing grátis


e de fácil acesso a todos. Hoje, qualquer


coisa pode aparentemente ser vendida


como empoderadora, de leggings a lin-


gerie, de programas de emagrecimento


a vinho, de toalhitas de casa de banho ao


rabo da Kim Kardashian.


Como Laura Bates, fundadora do

Everyday Sexism Project nota: «A ideia


de vender ‘empoderamento’ feminino


de forma individual pode muito fa-


cilmente servir como uma forma das


marcas se juntarem ao comboio onde


vai o movimento feminista, sem ter de


realmente se envolver de forma siste-


mática com os problemas reais com que


as mulheres se debatem. É frustrante


quando nos é vendida a ideia de que as


mulheres podem resolver o problema da


descriminação institucionalizada e do


abuso ao simplesmente comprarem o


champô ou a t-shirt certa.


Isto não quer dizer que as organizações


e as empresas não possam adotar men-


sagens feministas com significado mas,


ATITUDE


IMAXTREE (3) / UNSPLASH (1)
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