aeee
mundo
A22 Quinta-Feira,14DenovembroDe2 019
Imigrantesirregulares
na Europa
Quantos são
Em milhares
irregulares regulares
Alemanha
1. 000 a 1. 200
4. 200 a 4. 400
Reino Unido
800 a 1. 200
1. 200 a 1. 600
Itália
500 a 700
3. 300 a 3. 600
França
300 a 400
2. 700 a 2. 800
Europa
3. 900 a 4. 800 19. 600 a 20. 500
Proporção deimigrantes
irregularesemrelação
àpopulaçãototal
2 %
Áustria, Chipre,malta,
eslovêniaereinounido
1 %
repúblicatcheca, alemanha,
Grécia, irlandaeSuíça
Menosde 1 %
bélgica,bulgária,Croácia,
Dinamarca,estônia, Finlândia,
França,Hungria, islândia, itália,
Letônia, Liechtenstein,Lituânia,
Luxemburgo, Holanda,noruega,
Polônia,Portugal, romênia,
eslováquia,espanhaeSuécia
Perfil dosimigrantes
irregulares
Origem,em%
Gênero,em%
Idade, em %
30
54 46
23
21
17
15
50
32
8
Ásia-Pacífico
Europa
Menos de 18 anos
18 a 34 anos
35 a 64 anos
3 % 65 +
Tempo deresidência,em%
56
16
27 10 anos ou mais
Menos de 5 anos
5 a 9 anos
Homens Mulheres
OrienteMédio e
NortedaÁfrica
ÁfricaSubsaariana
Américas
Fonte:PewResearchCenter
(dadosde 2017 )
Imigrantes irregulares são
menos de 1% da população
da Europa, afirma estudo
- Flávia Mantovani
SÃOPAULOAEuropatem en-
tre 3 , 9 e 4 , 8 milhões de imi-
grantes em situação irregu-
lar,revelaoprimeiroestudo
aestimar esse dadoemuma
década.Olevantamento, di-
vulgado nestaquarta( 13 ),
édoPewResearch Center,
centrodepesquisa baseado
nos Estados Unidos.
Foramanalisadas informa-
ções de 2014 a 2017 nos 28 pa-
ísesdaUniãoEuropeiaeem
mais quatrodaAssociação
Europeia de Livre Comércio
(Efta): Islândia, Liechtens-
tein,NoruegaeSuíça.
Onúmeroprincipal, que
dizrespeitoa 2017 ,émaior
queode 2014 (entre 3 e 3 , 7
milhões)emenor queode
2016 (de 4 , 1 a 5 , 3 milhões),
ecorrespondeamenosde
1 %dapopulaçãototaldes-
segrupode países,queéde
mais de 500 milhões.
Oestudo mostratambém
que há quatrovezesmais
imigrantesregulares do que
irregularesnaEuropa.
Naanálise por país,apro-
porçãodeimigrantes sem
documentosemrelação à
populaçãoémaior naÁus-
tria, no Chipre, em Malta,
na EslovêniaenoReinoUni-
do: 2 %.Em outroscincopa-
íses,corresponde a 1 %.Nos
outros 22 do grupo,ficana
média de menos de 1 %.
“A estimativa vememmo-
mento em queaopinião pú-
blicanaEuropaexpressa sen-
timentosconflitantes sobreo
lugar dos imigrantes em suas
sociedades”, dizorelatório.
Uma pesquisa de 2018 do
próprio Pew,feitaemvá-
rios paíseseuropeus,reve-
lou queamaioria da popu-
lação apoiaadeportação
de imigrantes vivendo ile-
galmenteemseu país, mas
acha querefugiados quefo-
gemdeguerraseviolência
devemser aceitos.
Apesquisa levaemconta
as pessoas que entraram na
Europa sem vistonenhum,
as queficarammaistempo
do queopermitido pelo do-
cumentoetambém as que
pediramrefúgioeaguardam,
comuma autorizaçãotem-
porária, umarespostade-
finitivasobresua situação.
Foiesse último grupo o
responsávelpelo aumento
entre 2014 e 2016 ,dizemos
pesquisadores. Sem levarem
contaesses estrangeiroscom
autorizaçãotemporária, que
correspondemaumquarto
da amostra,aestimativato-
taldeirregulares na Europa
baixapara 2 , 9 a 3 , 8 milhões.
Paraolevantamento, os
pesquisadores usaram qua-
trométodos diferentes. O
principal, adotado hávários
anosnos EUA, éasubtração
do númerodeimigrantesle-
galizadosdototal de não ci-
dadãosdaUEedaEfta.
Tambémforamfeitoscál-
culos demográficoscomba-
se na últimaestimativaconfi-
áveldisponível(de 2008 )eno
númerodeimigrantes sem
documentos que seregula-
rizaram nos últimos anos.
Deacordocomapesqui-
sa, metade dos imigrantes ir-
regulares na Europa estána
AlemanhaenoReino Unido,
seguidosdeItáliaeFrança.
Juntos, os quatropaísescon-
centram mais de doisterços
desses estrangeiros ( 70 %).
Operfildesses imigrantes
variade paíspara país.En-
quantonaAlemanhaamai-
oriaédo sexomasculino
( 60 %)echegou há menos
de cincoanos( 66 %), na In-
glaterraadivisão degênero
émaisequilibrada ( 48 %de
homens e 52 %demulheres),
eapredominânciaédepes-
soas que vivem no país há
maistempo— 57 %chega-
ramhámaisdecincoanos;
mais de umterço( 36 %) es-
tãoláhámais de dez anos.
Aorigem desses estrangei-
rostambémvaria.NoReino
Unido, 52 %vieram daÁsia e
doPacífico.NaAlemanha,
32 %sãodaprópriaEuropa e
30 %, do OrienteMédio ou do
NortedaÁfrica. Levando em
contatodos os países,are-
giãode origem mais comum
éÁfricaePacífico ( 30 %), se-
guida por países europeus de
fora da UEedaEfta( 23 %).
OPewResearchCenter,
querealiza há anos estudos
semelhantes nos EUA, com-
parou as duasregiões—que
estão entreosdestinos pre-
feridos de imigrantes.
Aconclusãoéque os EUA
têmmais do queodobrode
imigrantesirregulares do
queaEuropa(entre 10 , 3 e
10 , 7 milhões em 2017 ), amai-
oria pessoas vindas da Amé-
ricaLatina, particularmente
do México, que entraramno
país há mais de uma década.
Lá, eles sãoproporcional-
menteuma partemaior da
população: 3 %dos 325 mi-
lhões dehabitantesdopaís.
Porém, enquantonaEuro-
pa essa população cresceu
nos últimos anos —princi-
palmente porcausa dosso-
licitantesderefúgio vindos
de paísescomoaSíria, em
guerraem 2015 —,nos EUA
onúmero vemsereduzindo.
Éaprimeira estimativado
centrosobreotemaeapri-
meirafeitadonúmerode
imigrantes irregulares na Eu-
ropa desde 2008 ,quando um
projetofinanciado pela Uni-
ão Europeia estimouonú-
meroentre 1 , 9 milhão e 3 , 8
milhões, sem incluir solici-
tantescomcasos pendentes.
“
Aestimativavem em
momentoemque
aopinião pública
na Europaexpressa
sentimentos
conflitantes sobreo
lugar dos imigrantes
em suas sociedades
PewResearchCenter,
emrelatório
Oficial lí bio embarcocom 147 migrantes quetentavam chegaràEuropa Taha Jawashi -27.jun.17/AFP
SÃOPAULOeBRASÍLIANopri-
meirodia da Cúpula dos Brics
(Brasil,Rússia, Índia, Chinae
ÁfricadoSul) em Brasília, a
embaixada daVenezuelafoi
invadida por um grupo de 20
simpatizantesdeJuanGuia-
dó,oautoproclamadopresi-
dentedaVenezuela.
Ogestofoi vistocomo pro-
posital pelogoverno brasileiro
ecausou umconstrangimen-
to diplomático, umavezque
os líderes de ChinaeRússia
apoiamoditador Nicolás Ma-
duro, aocontrário deJair Bol-
sonaro, cuja gestãoreconhe-
ceuGuaidócomo legítimore-
presentante do país vizinho.
Namanhãdestaquarta-fei-
ra ( 13 ),Tomás Silva, ministro-
conselheiroeconsiderado o
númerodois da embaixado-
ra MaríaTeresa Belandria, que
representaoautoproclamado
presidentedaVenezuela, en-
troucomogrupo no prédio.
Ainda nas primeiras horas
da manhã,oencarregado de
negócios da embaixada,Fred-
dy Efrain MeregoteFlores, dis-
tribuiu uma mensagemdeáu-
dioaaliadospedindoajuda.
“Informoavocês que pesso-
as estranhas estão entrando
eviolentandooterritório da
Venezuela.Precisamos de aju-
da,precisamos de ação imedi-
atadetodos os movimentos
sociais de partidos políticos.”
Ele eraoresponsávelnomo-
mentoporqueaVenezuela
nãotemembaixador no Bra-
sil desde 2016 ,quando Nico-
lás Madurochamouoentão
representantedeseugoverno
em Brasília devoltaaCaracas
em protestocontraoimpe-
achment de DilmaRousseff.
Nesteano,ogovernoBolso-
naroreconheceu Guaidó pre-
sidentedaVenezuela. Ele en-
tãorecebeuacartacredenci-
al da advogadavenezuelana
MaríaTeresa Belandria Expó-
sito, nomeadarepresentante
do país no Brasil porGuaidó.
Deacordocomrelatos, as
pessoas pularamomuroe
ocuparam as instalações.
Houveumtumulto, eapolí-
cia militarfoichamada.
Parlamentares de partidos
de esquerda do Brasil,como
PTePCdoB,fizerampubli-
cações nasredes sociais criti-
candoaentrada de Silva.
Aliados daVenezuela,co-
mo integrantes da diploma-
cia cubana em Brasília,tam-
bém protestaramcontraoin-
gresso do oposicionista.
Após mais de 12 horas,to-
dososaliadosdeGuaidódei-
xaramaembaixada sob es-
coltapolicial no fim datarde
destaquarta. Eles saíram pe-
la portados fundos, paraevi-
tarosmanifestantes ligados a
partidos da esquerda amon-
toados na entrada principal.
Houveumnovoprincípio
deconfusãocomosmanifes-
tantes, que se debruçaram nas
gradesexingaram os aliados
de Guaidó.Policiais militares
usaram spray de pimentapa-
ra dispersar os manifestantes.
Ogrupo do diplomataTo-
más Silvanegater invadido o
prédio ediz que entrou no lo-
calpacificamente,comautori-
zação de funcionários que ha-
veriam “desertado”eabriram
os portões.Aembaixadorade
Guaidó,que estáemviagem
aWashington, nos EUA, disse
queaentrada ocorreuacon-
vitedefuncionários.
“Umgrupo de funcionári-
os doregime de Madurode-
cidiureconhecerGuaidóco-
mo presidentelegítimoeen-
tregarvoluntariamentease-
de da embaixada.Abriram a
porta epermitiramaentrada”,
afirmou àFolhaportelefone.
Oencarregado de negócios
da embaixada nega.“Todos os
funcionários da embaixadare-
conhecemMadurocomo pre-
sidentelegítimodaVenezue-
la.Nãohouve isso.”
Em umarede social, Eduar-
doBolsonaro,líderdoPSL na
Câmara, afirmou queoBrasil
“temresponsabilidadecom a
crisevenezuelana provocada
pelo socialismo do séc.XXIde
ChávezeMaduro”.
“Desvios do BNDESpara
obras naVenezuelaeemCu-
ba financiaramoForodeSP”,
continuou.Emoutramensa-
gem,ele afirmouquea“es-
querdalhafoiparaaporta
da embaixada daVenezuela
no Brasil,queroveréirpa-
ra aVenezuela vivercomo ci-
dadãovenezuelanocomum”.
Já deputados de esquerda
acusamogoverno deterum
comportamentodúbio.Para
GlauberBraga (PSOL-RJ), em-
boraoPlanaltotenha se ma-
nifestadocontraaação, re-
presentantes do Itamaratyna
embaixadanão deram orien-
tações paraque os apoiadores
de Guaidódeixassemolocal.
“Há aqui umadúvidaseisso
nãoéuma ação orquestrada
comoprópriogovernobrasi-
leirooupelo menoscomuma
partedogoverno brasileiro.”
Bolsonarorepudiou“a in-
terferência deatoresexter-
nos” emumaredesocial.Ele
dissequeogoverno estáto-
mando“asmedidasnecessá-
rias pararesguardaraordem
públicaeevitaratos de violên-
cia, emconformidadecoma
Convenção de Viena sobreRe-
lações Diplomáticas”.
OBrasiltambémadotou
medidas de precaução para
resguardar diplomatasque vi-
vemnaVenezuelaeorientou
funcionários da embaixadado
Brasil em Caracasafecharem,
nestaquarta,oprédiodare-
presentaçãobrasileira.
Segundo pessoas que acom-
panhamotema, os diploma-
tasbrasileirosforamorienta-
dosarealizaratendimentos
portelefone, em esquema de
plantão.Esse tipodemedida,
dizem diplomatas, étomada
semprequeexisteavaliação
de que há riscoparafuncio-
nários ou paraasrepartições
brasileiras noexterior.
Medida semelhantejáfoi
adotada em outras ocasiões
naVenezuela,país queatra-
vessa há anos uma criseeco-
nômicaepolítica. Diferente-
mentedealgunsoutros paí-
ses quereconhecemGuaidó,
oBrasil nãoexpulsouocor-
po diplomáticodeMaduro.
Uma dasrazões levantadas
pelogovernoparanãoreali-
zaressegestoéjustamenteo
riscodeconsequências para
os diplomatasbrasileiros que
ainda trabalham naVenezu-
ela.Procurado, oMinistério
dasRelações Exteriores dis-
se que nãocomentariaocaso.
MônicaBergamo,TalitaFer-
nandes, GustavoUribe, Pe-
droLadeira, Danielle Brant
eRicardoDellaColetta
Apoiadores de Guaidó
invadem embaixada
da Venezuela no Brasil
Gestofoi vistocomo propositalpelo governobrasileiroe
gerouconstrangimentodiplomáticoemreuniãodosbrics
“
Um grupo de
funcionários
doregime de
Madurodecidiu
reconhecerGuaidó
como presidente
legítimoeentregar
voluntariamentea
sede da embaixada.
Abriramaportae
permitiramaentrada
MaríaTeresa Belandria Expósito
embaixadoradeGuaidó no brasil
Militantes de Maduroentram emconfrontocom os apoiadoresdeGuaidó PedroLadeira/Folhapress