Folha de São Paulo - 14.11.2019

(C. Jardin) #1

aeee


turismo


D4 Quinta-Feira,14DenovembroDe2 019


No momento, uma nuvemnão
muitogrande parecequerer


imitaramancha da neve que
cobreacratera.Suaforma
quase triangulartermina em
pontascomo as placas bran-
casque escorremcongeladas
emtorno no vulcão Osorno.E
minhaúnicavontadeéficar


olhando paraele por umtem-
po nãodeterminado.
Estoudefrenteparaesse mo-


numento natural, hospedado
em um dos hotéiscomuma
das vistas maisespetaculares
que presencieijáneste mun-
do,eolhaque possofalar is-
so.OAwaficana beiradola-
goLlanquihue,naPatagônia
ch ilena,comnadaentreaja-
nela do meu quarto—naver-
dade, uma parede inteirade
vidro—eessa assustadoracri-
ação da natureza.

Eu mesmoacho graçade
chamaresse vulcão de assus-
tador.Agoraanuvem que o
cortaseassemelhaauma lâ-
minafina,bem abaixodaca-
mada de neve,eoOsorno pa-
recemais uma vítimade um
corteprofundo.Podeova-
por ser maispoderoso do que
umarocha?
Sódeobservaressa paisa-
gemminha mentesai porca-

minhos inesperados.Éraro
eu encontrar espaçoparaum
exercíciotãosimples, e, ao
mesmotempo,queexigetan-
to esforço,comoodacontem-
plação.Mesmo assim,cáes-
toueuadmirandotoda essa
imponência.
Océu agoraestáumazul es-
candaloso. Mas, curiosamente,
uma névoapareceabraçarto-
daabase do vulcão que, longe

de passaraideia deumaame-
aça,parecesimplesmente re-
pousar sobreumenormetra-
vesseiromacio.
Sua última erupçãofoihá
quase 200 anos,em 1835 .Se-
gundo me informouoguiacom
quemexploreiaregião hoje pe-
la manhã,ninguém menosque
CharlesDarwinteveoprivilé-
gio deversua lavaregurgita-
da dasprofundezas daTerra.
Eletambém mecontou que
seuciclovemacada 150 / 200
anos, ou seja, outracuspa-
rada quentepodevir aqual-
quer momento. Observando-
-o mais umavez, só possodu-
vidar dageologia.
Seutopo agoraestátotal-
mentecoberto,comoseapró-
pria atmosferaestivesse dan-
do umrecado paraoOsorno
se conter.Longedeser uma vi-
sã omonótona,cadavezque
olhodescubro-odiferente.E
maisfascinante.
Lembro-me de umaexposi-
çãoque vi no iníciode 2016 ,no
Museu do Quai Branly, em Pa-
ris, sobreMasanao Abe,tam-
bémconhecidocomooCon-
de das Nuvens.
Na primeirametadeosé-
culo 20 ,estemeteorologista
japonêsfezmilhares defotos
do monteFuji, comoqual o
próprio Osorno muitasvezes
éconfundido.
Na pequena galeria do Bran-
ly,dedicadaamostras especi-
ais, as imagens de Abe pareci-
amrepetidas vistasàdistân-
cia. Masobservadas uma a
uma, traziam belezas singu-
lares. Como esse vulcão que
tenho agoradiantedemim.
Meusplanosiniciais para

hojeincluíram um passeio de
bicicletaporessaregião, que
paramuitoalémdoOsorno e
seuscompanheiros—oCal-
bucoeoPontiagudo,visíveis
comapenas umgiropelasre-
dondezas—étambémexube-
rante. Mesmo Llanquihueeseu
vizinho,oLagoTodos losSan-
tos, jávaleriamavisita.
Mas aquiestou, hipnotizado
por estepanorama que pare-
ce se apresentar apenas para
odeleitedos meusolhos.
ComooFujideAbe,ele já
mudou de novo.Agora amassa
alvaqueoengolia pareceter fi-
cado paratrásdovulcão,con-
fundindo-secomseucontorno
claro, deixando visível apenas
aforma da pedradescoberta,
como se suas proporções tives-
sem diminuído.
Osol avança, novassombras
mudamodesenho do que as-
sisto,eeudivagonovamen-
te.Arriscouma leitura.Mas o
Osorno nãotardaamerecla-
mar.Eagoraele estáenvolto
em nuvens que só posso cha-
mar de lúdicas,comformas
tãoimprevisíveis quantouns
borrões de Miró.
Eodia correcomoseore-
lógio estivesse seguindonão
seus ponteiros, masotempo
geológico.Lento, muitolen-
to.Indiferenteatudo menos
àseduçãodealgotão beloco-
mooOsorno.Que,comodiz a
canção chamadajustamente
“Vulcán”,dabandaElRobot
Bajo ElÁgua,quando nãoes-
tá em erupção...
“Se deja investigar/Sedeja
medir/Sedejahabitar/Por lo
demás/Se dejataladrar/Se de-
ja roer/Se dejaexplotar...”


  • ZecaCamargo


Jornalistaeapresentador,autor de“a Fantásticavoltaaomundo”


Longedeser uma visão monótona, cada vez que olho descubro-odiferente


Sob(e sobre) um vulcão


MaíraMendes


|QUI.Zeca Camargo,Josimar Melo


Onde celebrar as tradições deNatal em Londres


Hotéis, megalojasemercados preparam espetáculos, banquetesepasseios especiais paraatemporada defestas



  • NoraWalsh


londres|thenewyorktimesA
temporada natalina em Lon-
dres serve decenário paraos


romances de Charles Dickens
eparamuitascomédiasro-
mânticas.Nesteano,vários
lugares da cidade estão ofere-
cendo aos viajantes maneiras

deexperimentar as tradições
britânicas.Veja alguns deles.

Hotéis
OShangri-LaHotel, noedi-

fício The Shard,vairealizar
uma série de seis noites de
performances em suas “sig-
nature suites”, entre 27 de no-
vembroe 12 de dezembro. A
companhiateatralRevels in
Hand encenaráapeça“Four
Calling Birds”,uma nova co-
média natalina, paraaté 25
hóspedespor apresentação.
Os hóspedes podem adqui-
rir ingressos individuais(por
95 libras, ou R$ 509 ), que in-
cluem champanheecanapés.
Dois hotéis dacadeiaRed
Carnation oferecem aosvia-
jantes umaversão mais clássi-
ca das artes. Os hóspedes que
passem uma noite emuma su-
ítejúnior do TheRubensat
thePalacerecebem dois in-
gressosparaumconcertode
NataldaReal OrquestraFilar-
mônicanoCadogan Hall, em
5 ou 14 de dezembro(diárias a
partir de 555 libras, R$ 2. 974 ,
nas suítes paraduas pesso-
as).Opacoteincluitambém
umcafé da manhã inglês,chá
vespertinoeumarefeição de
três pratos antes doconcerto.
OhotelKensington está ofe-
recendo um pacotecom dois
ingressos paraaapresentação
de músicanatalina do dia 24

de dezembronoRoyalAlbert
Hall.Aestadiaincluiumagar-
rafa de champanhe, um pre-
senteparaascrianças navés-
peradoNataleumalmoço
tradicionalcom peru assa-
do no dia 25 ,diantedeuma
lareiranorestaurante.Opa-
cote de quatronoitescome-
ça em 1. 680 libras (R$ 9. 004 ),
parauma suítedecasal.

Compras
“Lojas de departamentos lon-
drinas clássicascomoaLiber-
tys, SelfridgeseFortnum &
Masoncapricham nastempo-
radas defestas”,disse Letitia
Dunlop,daOriginalTravelUK.
ASelfridgesrevelou suasvi-
trinescominspiração emcon-
tosdefadasfuturistas.Ote-
ma da decoraçãoé“umNatal
paraaera moderna”.
Apartir de 12 de dezembro,
os fregueses desfrutarão de
um showdeluzes de 15 minu-
tosnaárvoredeNatalde 12 , 5
metros de altura, montada
comespelhos(às 19 hnosdi-
as de semanaeàs 16 hnosfi-
nais de semana).
Ohotel Lanesborough, em
parceriacomaloja de depar-
tamentos HarveyNichols,vai

oferecer aos hóspedesaexpe-
riênciaFestiveShopping Stay,
entre 13 denovembroe 7 de
janeiro, comdiáriasapartir
de 860 libras (R$ 4. 610 ).
“Nossos mordomos esta-
rãoàdisposição parareco-
lher ascompras na lojaeen-
tregar itens nos quartosdos
hóspedes”,disse Marco Novel-
la, diretor-executivo do hotel.
“Elestambém ajudamaem-
balar presentes.”

Mercados natalinos
Duranteatemporada defes-
tas, Londrescontacom mui-
tosmercados natalinos deco-
rados,comoodoCovent Gar-
den,oWinterWonderland,
no HydePark,eoWintertime
Market, do Southbank Centre.
Em 4 de dezembro, otrem
de luxoBellmondEnglishPull-
manvaiconduzirhóspedes
em uma viagem de idaevol-
ta,daestação Victoria, de Lon-
dres, paraumdia no Merca-
doNatalino deBath.
Um brunch seráservidono
trem clássico restaurado.Avi-
agem devoltaincluiumjantar
antes da chegada ( 503 libras
por passageiro, ou R$ 2. 696 ).
tradução de Paulo migliacci

Hotel
Kensington,
que oferece
um pacote
especial
de Natal
The NewYorkTimes
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