Folha de São Paulo - 14.11.2019

(C. Jardin) #1

aeee


Imbatível, Hamilton vê jovens no retrovisor


Temporadacomtítulo do inglêsteve ascensão deLeclerceVerstappen, amboscom22anos


SãoPauloNatemporada 2019


de F- 1 ,oinglês Lewis Hamil-


ton, 34 ,chegou ao seu sexto


títulodacategoriacomdu-


ascorridasdeantecipação.


Foioterceiroconquistado


deformaconsecutiva.


Opiloto da Mercedesteve


seucompanheirodeequipe,


ofinlandêsValtteri Bottas,


30 ,comomaiorrivalna dis-


putapelo troféu, mastam-


bém viu dois jovens “cres-


ceremnoretrovisor”, como


dizojargãoautomobilístico.


Amboscom 22 anos,omo-


negascoCharles Leclerc, da


Ferrari,eoholandês Max


Verstappen, daRedBull,con-


quistaram duas vitóriascada


um natemporadaesão,res-


pectivamente, terceiroequar-


to colocados na classificação


geraldoMundial( 249 a 235 ).


AFolhaconvidou um jor-

nalistafrancês eumholandês


paraopinar sobreahistória e


temporada desses pilotospro-


dígios que prometem, quem


sabeumdia, acabarcomahe-


gemoniadeHamilton na F- 1.


Leclercsupera luto


poramigoemostra


ser imuneapressões


opinião



  • Lucas Vinois


francês, 25 ,repórterecomentaristade
F- 1 da RMC Sport-RadioMonteCarlo


MônacoAperguntanãoése


ele um diaserácampeãomun-


dial, mas sim quando ele será


campeão mundial.Arealidade


éque Charles Leclerc, 22 ,per-


tenceauma classediferente


de pilotos,aqueles capazes de


buscarrecordes edecondu-


ziroesporteaalguns lugares


ondevocê não esperariavê-lo.


Nãofoi por acaso queaFer-


rari decidiu apostar no jovem


quecorreu em 2018 pelaSau-


ber.Emmarçodesteano,ao


participardo GP daAustrália,


em Melbourne,omonegas-


cose tornouosegundopilo-


to mais jovemacompetir na


F- 1 pelaFerrari(com 21 anos,


cincomeseseumdia de ida-


de),abaixoapenas de Ricar-


doRodriguez, que estreouem


Monza, em 1961 ,aos 19 anos,


seis mesese 24 dias. Uma épo-


ca completamentediferente.


NaF- 1 moderna,Leclercéo


pilotomais jovemacompetir


pelaequipeatéomomento.


Sua ascensãovem sendo

meteórica. Elefoicampeãoda


GP 3 edaFórmula 2 em anos


consecutivos( 2016 e 2017 ).


Conquistou duas vitórias

em seu segundo anodeF- 1.


Naprimeiradelas, em 1 ºdese-


tembro, naBélgica, Anthoine


Hubert, seu amigodeinfân-


cia, havia morridoumdia an-


tes, depoisdeuma grandeco-


lisão na provadeFórmula 2.


Mas Leclercdeixou transpa-


recerdenovoqueéfeitode


um metal diferente.Errone-


nhumdurantetodaacorrida.


NoGP seguinte, em Mon-


za,ocontexto eramuitodife-


rente, masapressãoera igual-


mentealta.PilotaraFerrari na


Itáliaéumaexperiência qua-


se impossível de acreditar,até


queapessoaaexperimenta.


Aequipenãovenciaemca-


sa desdeFernando Alonso,

em 2010 .Ele ficoucomapo-


le positioneresistiu por qua-


se todas as 53 voltas aosata-


ques de Lewis Hamilton. Le-


clercmostrouque estavapre-


paradoparaabrircaminho

naraça ecorrercomfirmeza.


Foiassim no GP daÁustria,


quando MaxVerstappenoul-


trapassou nasvoltas finais, em


um dia em que seu desempe-


nhofoiexcelente. Perdeu a

corrida, masaprendeu muito.


Édessaformaqueele está


se construindocomopiloto,


desdeainfância.Oinsucesso


nãoéproblema, desde quevo-


cê aprendacomasituação.O


número 16 écomoum“nerd”


da F- 1 ,nas palavras de seu

empresário,MorganCaron. Se


algosai errado no treino livre


de sexta, omonegascofica na


pistaaté omomentoemque


eleeaequipecompreendem


oque houvecomocarro.


Rápido,imuneàpressão,

trabalhador determinadoein-


teligente, Leclercéumacom-


binação detodas as quali-

dades que um piloto precisa


paraser campeão mundial.


Ojovemestánocaminho


certoepodemostercerte-
za de que manteráofoco.

PorJules Bianchi [seu men-


toreamigo, mortoem 2015 ],


Anthoine Hubert, seu pai,
suaavóetodas as pessoas

que morreram tragicamente


enquantoele se preparava.


Leclercnasceu paraser
campeão mundial.Nada e

ninguémoimpedirádeatin-


gir esse ápice. Quando?As

apostasestão abertas.


Tradução de Paulo Migliacci

MaxVerstappen


éaversão moderna


deAyrton Senna


opinião



  • Erwin Jaeggi
    holandês, 38 ,érepórterdosite
    Motorsports Holanda


aMSterdãVinte ecincoanos


apóssuamorte,Ayrton Sen-


nacontinua muitopopular.


Issovale tambémparaaHo-


landa, ondeémuitoqueri-

doeaté mesmo asgerações


mais jovens detorcedores

sabem quemfoiobrasileiro.


Desde que chegouàF- 1 ,em


2015 ,Max Verstappenfoicom-


parado diversasvezesaolen-


dáriopiloto.Especialmente

depois de umacorrida em que


ojovemholandês dirigiuex-


cepcionalmentebem na chu-


va,comofez três anosatrás


no autódromo de Interlagos.


Issofazcom que as pessoas


cedamàtentaçãodecompa-


rá-lo ao herói brasileiro. Mas


asemelhançatambém pode


ser percebida em pistas se-
cas, quando se observaseu

estilo agressivodepilotagem.


Verstappentemamesma

determinaçãoeespíritodelu-


ta quecaracterizavam Senna.


Mas seráque eleconseguiráse


tornarcampeãodaF- 1 ,como


Sennafeztrêsvezes antes de


seu acidentefatal? Aresposta


aissoéindubitavelmente sim.


Já em seu primeiroano de


F- 1 ,Verstappen demonstrou


queera naturalmenteveloz.


Umcaso degenética, seria

possível dizer,jáque seu pai,


Jos, correu nacategoria, e
sua mãe, Sophie,teveuma

carreiradesucesso no kart.


Os grandes pilotos sabem


quaseinstantaneamenteo

quantoumcarroaguentae


atéquepontopodemforça-


lo.Max tambémtemessa ha-


bilidade. Aos 17 anos, ele des-


cobriurapidamentecomo

extrair omáximo de seuTo-


roRosso,noqual estreouna


F- 1 ,em 2015 .Eacapacidade


de se adaptarrapidamente a


um novocarroveioacalhar


um ano maistarde, quando


se transferiu paraaRedBull.


Aos 18 anos,Verstappen
venceu sua primeiraprova
nacategoria, emBarcelona

( 2016 ),oquefezdeleoven-


cedor mais jovemnoMundi-


al.Depois disso,ficouclaro

que ele seriaumdos grandes


talentosde nossaera.


Max nãofoiperfeitoemseus


primeiros anos. Comoqual-


querpilotojovem,cometia
erros ocasionais,oque em
um esporteextremocomo
aF- 1 poderesultarrapida-

menteemumacolisão.Mas


issotudoépartedoproces-


so de aprendizadoeemcer-


ta medidapodeser conside-


rado normal, quandovocêes-


tá constantementenolimite


do que seucarroaguenta.


Os erros se destacaram mais


porque elecomeçouapilotar


umcarrocompetitivoemida-


de bem jovem. Masapartir


do GP do Canadá no ano pas-


sado,eaté aparada deverão


docampeonatode F- 1 este

ano,odesempenho delefoi


irretocável no Mundial.”


“Verstappenéumpiloto
completoagora”,disse Hel-

mut Marko, ochefedeequi-


pe daRedBull,responsá-
velpela estreia precocedo
holandês nacategoria. Ele

deixou de ser novato.Nofi-


nal de semanaretrasado,

disputou seucentésimo GP de


F- 1 ,emAustin,Texas.


Verstappen sinaliza estar

prontoparadisputarotítu-


lo mundial. Oscompetidores


parecem pensar da mesma

forma. Quando se envolvem


em incidentescomVerstap-


pen, imediatamenteacusam


opilotodaRedBull, mesmo


quedepois osreplaysprovem


que elenãoteve culpa.


Issoaconteceu depois do

GrandePrêmiodoMéxico, por


exemplo, quandoMaxVers-

tappeneLewis Hamiltonba-


teramesaíram juntos da pis-


ta bemnocomeçoda prova.


Ohexacampeãomundial não


demorouaculparVerstappen,


que nadatinhafeitodeerrado.


Ofatodeque Hamiltontenha


apontado paraorival signifi-


caapenas que elevêojovem


como umaséria ameaça.


“Eu incomodo osconcor-

rentes”,disseoholandês, que


venceusetegrandesprêmios.


Por maisqueVerstappen


reúna as qualidades neces-


sárias paraconquistar um

título,naF- 1 ocarroainda é


umfatordeterminante.Des-


deocomeçodo ano, aRed


BulleaHonda parecemcom-


pletamentedeterminadas

adar umpacotevencedor


aVerstappen em 2020.


Se carroemotorforembons


obastante, assistiremos nos


próximos anos essaversão

moderna de Senna disputan-


dootítulo do Mundial.


Tradução de Paulo Migliacci

GP Brasil de F- 1


QuinTa-FeiRa, 14 De noVeMbRoDe2 019 7

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