Folha de São Paulo - 21.10.2019

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Segunda-Feira, 21 de OutubrOde2019 A

Com postosemercados


fechados, Santiago tem


filasparaabastecimento



  • Rafael Carneiro


SantiagoEmmeioaumto-
que derecolher decretado
pelogeneral JavierIturria-
ga,quecomandaaresposta
dogovernochilenoàatual
ondadeviolência,Santiago
amanheceusilenciosa neste
domingo( 20 ), mascheiade
resquícios das manifestações
dos últimos dias.
Os moradores que precisa-
ramiraosupermercado tive-
ramdificuldade paraencon-
trar algumaberto.
Apósdiversos saques,as
principaisredesvarejistas—
Unimarc, Líder,JumboeSanta
Isabel—preferiram não abrir
as suas lojas. Aproveitando a
situação,pequenos armazéns
seguiram abertos, mas era
necessáriaterpaciência para
enfrentar as grandes filas que
se formaram.
Outro tipo decomércio que
enfrentou dificuldadesforam
os postos degasolina.Naregi-
ão de La Florida, no sul da ci-
dade, as filas eram grandes e
algumas chegavamacontor-
nartodaaquadra.
Namesmaregião,era pos-
sível encontrarresquícios de
barricadaseosrestos de um
supermercadoincendiado.
Apesar dacalma pela ma-
nhã, novosprotestosforam
convocadosapartir de meio-
dia, principalmentenaPlaza
Italia, um local frequentede
manifestaçõesecomemora-
ções de títulos de futebol.
Mais de 500 pessoasforam
ao localesedepararamcom
tanques deguerraecarabinei-
ros(apolícia chilena). Mesmo
assim, os agentes eram mino-
ria nacomparaçãocomos
manifestantes.
Asituaçãonolocal descam-
bou paraaviolência ao longo
do dia. Enquantomanifestan-
tesgritavameexibiamcarta-
zespedindoarenúncia doatu-

al presidente, SebastiánPiñe-
ra,apolíciarespondiacom
jatosdeáguaebombas de
gáslacrimogêneo.
Um dos presentes eraopro-
fessor deeducação físicaDie-
goVillagrán, 28 .Emsua bici-
cleta, ele se aproximou da Pla-
za Italia parafazercoroaos
outros manifestantes.
“O Chileéumpaís muitode-
sigual. Estoucansado detan-
tosaumentos. Sobeopreço
dos transportes, da água, do
aluguel, da luzeossalários
não sobem”, afirmou àFolha.
Nasredondezasdapraça,
também houvemuitoscon-
frontos.Naavenida Vicuña
MackenaenoParque Flo-
restal, eranormalverpesso-
as companoscobrindooros-
to ecorrendo das bombas ar-
remessadas pelos militares.
Em lugares mais afastados
da Plaza Italiatambém ocor-
rerammanifestaçõesemuita
genteaderiuaos protestos em
vezdeficaremcasa.
Naregião de Ñuñoa, por
exemplo,mais de 25 mil pes-
soas protestaramde maneira
pacífica, inclusivecomapre-
sença de muitas crianças. Por
todaacidadeera possível es-
cutarpanelaços que nãoces-
saram em nenhummomento.
Com os policiaisconcentra-
dosemlocaiscom protestos,
muitosmoradoresforam para
as ruaspara proteger osseus
própriosnegócios de saques.
Para estedomingo ( 20 ),foi
decretado novamenteoto-
que derecolher,entre 19 he
6 hdesegunda( 21 ), masmui-
taspessoas serecusaramafi-
caremcasa.
Duranteanoite, pessoas
caminhavamtranquilamen-
te comseusanimaisdeesti-
mação nocentroenaregião
deProvidência, muitas vezes
próximas aos manifestantes
quecontinuavamcom pane-
laçosebarricadas.

Análise


  • Sylvia Colombo


Nãoeramapenas os 3 , 75 %
do aumentodapassagem
de metrô.
Issoficoubastanteclaro
quando,apósopresidentechi-
leno, SebastiánPiñera,terre-
cuado da decisão de aumen-
taratarifa, na noitedesexta-
feira( 19 ), ainda assim os dis-
túrbioscontinuaram.
Mesmocomotoquedere-
colher,foramregistrados sa-
ques,incêndios deveículos,
edifícioseestações,confron-
toscom os policiaiseoExér-
citonas ruas devárias cida-
desdo país.
Pois eis queoChile—tão
elogiadopelo presidenteJa-
ir Bolsonaro,queoelegeu
como primeirodestino sul-
americanodepois de empos-
sado—nãotemtodos os seus
problemasresolvidos.
Tantoque surgemagoranas
ruasdiversasbandeirasque
mostramocansaçodasoci-
edade chilenacomváriosas-
pectosda vidanopaís.
Entreeles,asmagrasounu-
las aposentadorias (frutode
umareforma da previdência
queoBrasildaatualgestão
mostrou interesse emcopi-
ar)eoaltocusto de vida(só
na últimadécada,opreço pa-

ra alugarecomprar imóveis
aumentouem 150 %),além
da precariedade dasaúde e
daeducação.
Também indignam muitos
cidadãososescândalosde
corrupçãorecentes, que en-
volvem justamenteospolici-
aiseoExército, os mesmos
que estão nas ruasreprimin-
do os protestos.
Já os estudantes estãocan-
sados hátempos.Desde 2011 ,
eles marchameprotestam

pelaeducação universitá-
ria gratuita.
Enquantoaantecessorado
atual presidente, MichelleBa-
chelet,conseguiu queagratui-
dadefosse estendidapara 40 %
dos estudantes, desdeavolta
dePiñeraasreformas nesse
setor estãoparadas.
Segundooestudo “Desigua-
les”,doPnud, oChileéopa-
ís maisdesigual entre os inte-
grantes da OCDE (Organiza-
çãoparaaCooperaçãoeDe-
senvolvimentoEconômico)e
osétimo em desigualdade na
AméricaLatina. Atualmente,
1 %dapopulaçãoconcentra
33 %dariqueza—e 0 , 1 %cap-
ta 19 , 5 %doqueopaísgera.
Diantedesse quadro, are-
voltaporcontadoaumento
do metrôsurgecomo uma
gota d’água.
Nofundo, oestopimdaatu-
al crise poderia ser qualquer
outro, poisocaldojá vemfer-
mentando hátempos.
Eéprecisoreforçar que nem
acentro-esquerdistaMichel-
le Bachelet(quecomandou o
país de 2006 a 2010 ede 2014
a 2018 )enemocentro-direi-
tista SebastiánPiñera(de 2010
a 2014 edesde 2018 ), em seus
mandatos alternados, deram
contadeatender atodases-
sasdemandas.
Ao mandaroExércitoàsru-
as,como nãoacontecia desde

Insatisfação no Chile


vaialém de aumento


na tarifadometrô


elogiado por bolsonaro, país enfrentadesafios que vão


da educação ao altocustodevida eaposentadoria baixa


ofimdaditaduradeAugusto
Pinochet,Piñerapassa um
péssimo sinaldeintolerân-
cia, emboraaomesmotem-
potenha afirmadoterdispo-
sição para dialogar.
Já as lideranças maisradicais
tampoucoajudamcom osatos
devandalismoque incendia-
ramvagõeseestações de um
metrôque eraumdos melho-
resdaAméricaLatina,além de
tentar destruir prédios públi-
cosedeencher de medo as ru-
as dasgrandescidades.
Olhando defora,oChile
estáemposiçãoatéinvejá-
velquando severificaama-
croeconomia.Em 2019 ,opa-
ís devecrescer 2 , 5 %,oque é
poucocomparadoàdécada
passada, porém mais do que
amédia daregião.Além dis-
so,opaísreduziuapobrezaa
menos de um quintodoque
eraem 1987.
Porém, asmudanças posi-
tivasnão chegaram parato-
dos.Nosul do país, porexem-
plo,ocustodevidaéaltíssimo
devidoàlogísticadoabaste-
cimento. Ali há, ainda,ocon-
flitonãoresolvidocomanu-
merosacomunidade mapu-
che,oquetambém jágerou
episódiosdeviolência.
Enquantoisso, nas cidades,
mais de 70 %dapopulaçãoga-
nha menosde US$ 770 —oque
époucoparaumpaíscom al-
to custodevida.
Nomêspassado,arevolta
começouafermentar quan-
doforamanunciados aumen-
tosdecontasde luzem 10 %
—justificadas pelogoverno
pelo aumentododólar.Ago-
ra,acrisesedesenfreoucom
aquestão do metrôecoma
inquietação públicatoman-
docontadas ruas.
Piñeraagiu bemrecuan-
do no aumento, porém,fi-
couclaroque nãoésuficien-
te.Aspróximas horasedias e
omodocomo agiráparacon-
ciliaropaís serão cruciais pa-
ra queoquadronão se agra-
ve ainda mais.

[


Segundooestudo
“Desiguales”,do
Pnud (Programa das
Nações Unidas para
oDesenvolvimento),
oChileéopaís
mais desigual entre
os integrantes da
OCDEeosétimo
em desigualdade
na AméricaLatina.
Atualmente, 1 %da
populaçãoconcentra
33 %dariqueza

PabloVera/AFP

JuanGonzalez/Reuters

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