Folha de São Paulo - 21.10.2019

(Brent) #1

B6 Segunda-Feira, 21 de OutubrOde2019 aeee


esporte



pranchetadopvc


EstudaroFlamengovirou pra-
xe emtodos os clubes da Série
A. OGrêmio,especialmente,
precisaráentenderoqueatra-
palhou maisequal estratégia
prejudicou menos os planos
deJorgeJesus, antes de entrar
no gramado do Maracanã pa-
raasemifinal da Libertado-
res, na quarta( 23 ). Quebrar
amarcaçãopor pressão ru-
bro-negrapodeser osegredo.
Odepartamentodeanáli-
se de desempenhodoAthle-
ticoestudouaderrotapor 2
a 0 paraoFlamengonodo-
mingo( 13 )econcluiu terul-
trapassadoaprimeiralinha
deJesus 9 vezes. Destas, em
7 ficou no manoamanocom
trêsatacantescontratrêsza-
gueirosefinalizou.OFlumi-
nensetambémconseguiu.
Oprimeirogol do Flamen-
gonasceude um errodepas-
se dogoleiroLéo,forçado por
quatroatacantes deJorgeJe-
sus quepressionavamquatro
defensores paranaenses.Pela
câmeradetrásdogol épossí-
velver,dooutrolado docam-
po,osatacantesathleticanos
MarceloCirino,ThonnyAn-
dersoneRonycontraRenê,
RodrigoCaioeRafinha.Oou-
trozagueirodoFlamengo, Pa-
blo Marí, estavanainterme-
diária doataque pressionan-
doomeia LéoCitadini.
Se emvezdopasse curtoe
errado Léofizesseumlança-
mento—não um chutão—,
pegariaadefesa do Flamen-
gosemcobertura.
Háquem digaqueJorgeJe-
susérevolucionário. Nãoé.
Eleéagressivo. Pressionara
saída de bolaemarcarogo-
leiroadversárioémuitobom.
Mas, se um jogadortemafun-
çãodepressionarogoleiro, é
lógico queatrás nãoserá pos-
sívelteralguém na sobra.
OGrêmio não estábem,per-
deusuasduasúltimasparti-
das,eoFlamengoéfavorito,
porterasmelhoresatuações

entreostimes brasileirosnos
últimos três meses. Isso não
exclui que estratégias bem ela-
boradas dificultemouimpe-
çamJorgeJesus deexecutar
oestilo que mais lheconvém.
Se calhar, JorgeJesus encon-
traráoGrêmio travando mais
ojogocom passes curtos, pa-
ra tiraravelocidade,eimpon-
do passes longos, pelo chão,
paradeixar Everton Ceboli-
nhacontraRafinha, umcon-
traum. Pode ser melhor ain-
da paraoGrêmio se,emvez
de Rafinha, machucado,jogar
João Lucas ouRodinei.
VençaoFlamengoouoGrê-
mio,apossívelfinalcontrao
River Plate—se eliminar o
Boca—mostrarápeloquar-
toano seguido queaLiber-
tadores mudou.DesdeoRi-
verPlate,dotécnicoMarce-
lo Gallardo,em 2015 ,venceo
torneio sul-americano quem
joga, não quemguerreia.
Foiassimtambémcomo
AtléticoNacional, em 2016 ,
comoGrêmio,em 2017 ,ecom
oRiver de 2018 ,apesar dabru-
talidade desuatorcida.
“Paramim,ofuteboldehoje
ésaberjogar,saber interpre-
tareestar bem fisicamente.”
AdefiniçãodeMarcelo Gal-
lardoexplicapor que seus ti-
mes se preocupam primeiro
em tratardabola.Nãoque a
tendênciadojogofrancona
Libertadores prevaleçapara
sempre. Como diz Gallardo,
omelhorantídotoparauma
vitóriaéperder,porque quem
crêpodervencer sempretra-
balhacomsituação irreal.
Alembrançatambém serve
paraentenderofavoritismo
doFlamengo. NaLibertado-
resemquevencequematua
melhor,ninguém estájogan-
do mais do que ele. Só que o
dicionário nãotemcomosi-
nônimo defavoritoapalavra
vencedor.Antesdemudar o
verbete, serápreciso disputar
os dois jogos da Libertadores.

Libertadores diferentepode


terantídotoparaoFlamengo


OSãoPaulo aindatemopiorataque de suahistória,no úni-
coanoemque possui númeromaior de jogos do que degols.
Masteve mais de 500 passes nosúltimosquatrojogos.Nopri-
meiro jogodeFernando Diniz,foram 334 .Aos poucos,oes-
tilo daequipe muda.

MUDAAOSPOUCOS


athleticoconseguiuficar no manoamano

M. Cirino

thonny

rony

LêoCittadini

alisson

tardelli

everton

Luan

renê

renê

r. Caio

Pablo Marí

r. Caio

rafinha

rafinha

Grêmiotentará pelas laterais

OtécnicoFábio CarilledissetermudadooCorinthians nas
últimas duas partidas parater mais jogadores queagridam.
Daí as escalaçõesdeJandersonedeSornoza juntocom Ma-
teus Vital. Ainda não deucerto. Aequipe segue trocando pas-
seseagredindo pouco.

BUSCATArDiA



  • AlanaAmbrosio


SãoPauloBastam alguns mi-
nutos no país maispopuloso
do mundo paranotaraafini-
dadedelecomobasquete.
Parachegarao trem que
sai do aeroportodePudong
elevaatéocentrodeXangai,
maior cidadechinesa,os via-
jantespassampor umcorre-
dor bem iluminado, repleto
de lojaserestaurantes. Entre
as imagens decomida,cha-
maaatençãoadeumesta-
belecimentopequeno.
Nofim de agosto, às véspe-
rasdoMundialdeBasquete
sediado pelo país,ojovem
Kyle Kuzma, 24 ,atletadoLos
Angeles Lakers,flutuacom
uma bola na mão em dire-
çãoaumsanduíchedefran-
go.Acima dele,ologodaNBA.
Um mêsemeiodepois,ace-
na banalganhaarquasenos-
tálgico. AChinacontinental
estáemconflitocomaliga
americana de basqueteapós
ogerente-geral do Houston
Rockets, Daryl Morey, apoiar
protestos em HongKongcom
uma postagem no Twitter.
Ex-colônia britânica,aregi-
ão passou aocontrole chinês
em 1997 .Desde junho,aspar-
tesvivem escaladadatensão
nasrelações diplomáticas.
AChina, então,passou a
vercomcautelatudooque
estárelacionadoàNBA.Nes-
te mês,banners de noveme-
tros de alturacom jogadores
populares da ligaforamreti-
rados dasparedes de prédios.
Os jogos da pré-temporada
disputados emXangaientre
BrooklynNetseLos Angeles
Lakers tiveram transmissões
canceladas no país.
Asincontáveis quadras
espalhadas da periferia aos
bairrosnobres emvárias ci-
dadeschinesascontinuam


cheias, mascommenos alu-
sõesaLeBronJames, Stephen
CurryeJamesHarden.
Aimensidãodechineses
andando pelas ruascomca-
misetas dos astros america-
nos minguouàesperadeum
desfecho paraomal-estarge-
rado pelotuíte. Antesdisso, o
desafio eraperambular sem
encontrar crianças, adoles-
centes, adultoseidososcom
atípicaregatadasequipes.
Para vários deles,mais gra-
vesdoque as setepalavras
do dirigente(“Lutepela Li-
berdade. FiquecomHong
Kong”)foioposicionamen-
to de Adam Silver,comissário
da liga, ao dizer que defende
aliberdade deexpressão do
cartoladoRockets.
Para ojornalistachinês Lu-
ís Zhao, 40 ,que trabalha na
mídia estatal, aquestão da
soberaniaterritorialémui-
to sensível paraoschineses.
“Especialmenteparaquem
gostadobasquete,osenti-
mento émuitocomplicado.
Nãoésódecepção, étristeza.
Écomosequemvocêama ti-
vesseoferido.Gostamos de
veroHoustonRocketsea
NBA, mas acima detudo sa-
bemos que somoscapazes de
verosjogos doconforto das
nossascasas,comumaTV
eumsmartphone, porque
ogovernoproveu”,afirmou.
Wang Anshu, 27 ,assisteà
NBAhánoveanos, mas pre-
tende boicotaraliganesta
temporada.“Eles não podem
pegar nosso dinheiroedes-
respeitar nossa soberania”,
disse ao TheNewYork Times.
Dooutrolado doconflito, o
administradorRicardo Lau,
37 ,que moraemHongKong,
afirma que naregiãoofute-
bolémais popularequeapo-
lêmicanãotemsidotãoali-
mentada.“A maioria dosfãs

debasquetesegue apoiando
aliganessahistória”, afirmou.
Arelação dos chinesescom
oesporteébemmaisantiga
do queaNBA,fundada em
1946 .Nofimdoséculo 19 ,
poucosanosapósainven-
çãodojogoemMassachu-
setts, nos EUA, missionários
daassociaçãode jovens cris-
tãos YMCA levaramoesporte
paraaÁsia, sobajustificativa
de que ajudaria no desenvol-
vimentofísicodapopulação.
Entreseus primeiros pra-

ticantes estavam estudan-
tes, soldadosemembros do
Partido Comunista.Nas dé-
cadas de 1930 e 1940 ,oExérci-
to Vermelho,sobaliderança
de MaoTsé-Tung,tinha no es-
porteuma das únicas opções
de lazer emmeio aguerras.
Arelaçãocomabolalaran-
ja se misturouàNBAem 1987 ,
quandooentãocomissário
da liga, David Stern, esperou
maisdeduashorasno hallda
CCTVemPequim,aemisso-
ra estatal da China (a mesma
que agorabarrouaexibição
dos jogos), eofereceufitasde
partidas paraseremexibidas
de graça, apostando em um
expoentemercado.
Quinzeanos depois,adi-
nastia do basqueteseconso-
lidaria,comaescolhadogi-
gantepivôchinêsYao Ming
( 2 , 29 m) na primeiraposição
do draft(processo de seleção)
de 2002 .Justamenteparafa-
zerhistória noRockets.
Delá paracá, aNBAganhou
na Chinaumvalordemerca-
doavaliado em mais de US$ 4
bilhões(R$ 16 , 5 bilhões).
Patrocinadores chineses já
retiraram apoioaoHouston,
eastransmissões datempo-
rada 2019 / 2020 ,com início
nestaterça-feira( 22 ), estão
ameaçadas.Oimpactopo-
de ser sentidoaténosalário
dosjogadores nos próximos
anos, já que eles estãorela-
cionados aos lucros da NBA.
Naúltimasemana, Silver
disse queogovernochinês
pediuademissão de Morey.
Emresposta,aCCTVdecla-
rouque eleterá uma “retribu-
ição” pelocomentário.Com
anovatemporada batendo
àporta,ofuturodaNBAno
país estáindefinido. Ocertoé
quearelação antes íntimavai
demorarater de novoapaz
de umcasamento longevo.

Crise com NBAesfria amor


antigo da China por basquete


esporte se popularizou no país após influência dereligiososedoexército


$
Acrise narelação
entreChinaeNBA

Comocomeçou?
daryl Morey,gerente-geral do
houstonrockets, publicou
emseutwitter no dia4um
post que dizia: “Lutepela
Liberdade. Fiquecomhong
Kong”. amensagem, apagada
no mesmo dia,repercutiu
deforma muitonegativa
na china, que vive desde
junho momentotensona
relaçãocomhongKong,
região sob seucontrole.

ComoaNBAreagiu?
ocomissário adam Silver
primeirodefendeu a
liberdade deexpressão
de Morey.depois, disse
queogoverno chinês
pediuademissão dele, o
que piorou asrelações.

Quais asconsequências?
Jáforamcanceladas
exibições de jogos da nBa
no país,eempresas chinesas
encerraramcontratoscomo
rockets.atéossalários dos
atletas podem ser afetados
futuramente, já que são
baseados nos lucros da liga.

Fãsaguardam passagemde jogadores do Lakers em Shenzhen,durante partida da pré-temporada da NBA 12.out.19-AFP


Murray ganha 1º
título desde 2017
Otenistaescocês Andy
Murray, 32,conquistou
nestedomingo(20)seu
primeirotítulodesde
março de 2017,aoderrotar
osuíçoStanWawrinka, 34,
na finaldotorneioATP 250
da Antuérpia.Vencedor
de trêseventos do Grand
Slameex-número1do
mundo, Murray fezduas
cirurgias no quadril,a
últimadelas em janeiro
desteano.Ele cogitou se
aposentar ainda em 2019,
masvoltou atrás após se
recuperarbem da operação
eretornouàscompetições
em agosto. “Essaéuma
das maiores vitórias que
já tive. Significamuito”,
disse. John Thys/AFP

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