de férias. Se o é, deve haver alguma pequena mercearia ou alguém que alugue
casas, esse tipo de coisas. Se a família da fotografia é visitante habitual,
alguém que ali trabalhe sabe quem eles são. Quando souberes isso, deixa o
resto comigo.
– Tudo isto porque a fotografia estava no sapato?
– Não é um lugar vulgar para se guardar uma fotografia, pois não?
Halvorsen encolheu os ombros e saiu para a rua.
– Não está a parar – disse Harry.
– Eu sei, mas tenho de ir para casa.
– Para quê?
– Para uma coisa chamada vida. Nada que te interesse.
Harry esboçou um sorriso trocista para mostrar que compreendia que aquilo
fora uma piada.
– Diverte-te.
As campainhas tocaram e a porta fechou-se atrás de Halvorsen. Harry deu
uma passa no cigarro e, enquanto estudava a selecção do material de leitura
de Elmer, apercebeu-se de como eram poucos os interesses que partilhava
com o norueguês comum. Seria porque já não tinha nenhum? Música sim,
mas há dez anos que ninguém fazia nada de jeito, nem sequer os seus antigos
heróis. Filmes? Se actualmente saísse de um cinema sem sentir que lhe
tinham feito uma lavagem ao cérebro, achava-se afortunado. Mais nada. Por
outras palavras, a única coisa na qual ainda estava interessado era em
encontrar pessoas e prendê-las. E nem sequer isso fazia com que o seu
coração batesse como batera outrora. O que era assustador, pensou Harry
pousando a mão no balcão frio e liso do Elmer’s, era que aquele estado não o
incomodava absolutamente nada. O facto de ter capitulado. Apenas lhe
parecia libertador ser mais velho.
As campainhas voltaram a tocar furiosamente.
– Esqueci-me de te contar que ontem apanhámos um tipo por posse ilegal
de arma – disse Halvorsen. – Roy Kinnsvik, um dos skin-heads do Herbert’s
Pizza. – Ficou na soleira da porta com a chuva a dançar-lhe à volta dos
sapatos molhados.
– Hm?
– Estava obviamente assustado, por isso pedi-lhe que me desse algo de que