eu precisasse e deixá-lo-ia ir.
– E?
– Ele disse que viu Sverre Olsen em Grünerløkka na noite em que Ellen foi
morta.
– E daí? Temos várias testemunhas que podem confirmar o mesmo.
– Sim, mas este tipo viu Olsen sentado com alguém num carro.
O cigarro de Harry caiu ao chão. Ignorou-o.
– Sabia quem era? – perguntou lentamente.
Halvorsen sacudiu a cabeça.
– Não, apenas reconheceu Olsen.
– Conseguiste uma descrição?
– Apenas se lembrava de que achou que o homem se parecia com um
polícia. Mas disse que se o visse, era possível que o voltasse a reconhecer.
Harry sentiu-se a aquecer debaixo do casaco e articulou cada palavra com
cuidado.
– Poderia dizer qual a marca do carro?
– Não, disse que passou por ele a acelerar.
Harry assentiu, a deslizar a mão ao longo da superfície do balcão.
Halvorsen pigarreou.
– Mas acha que era um carro desportivo.
Harry reparou no cigarro que ardia no chão.
– Cor?
Halvorsen ergueu uma palma para cima em sinal de desculpa.
– Era vermelho? – perguntou Harry, num tom de voz baixo e pesado.
– O que é que disseste?
Harry endireitou-se.
– Nada. Lembra-te do nome. E vai para casa para a tua vida.
As campainhas tocaram.
Harry deixou de acariciar o balcão, mas manteve ali a mão. De repente,
pareceu-lhe ser de mármore frio.