feita. Tenho de o reconhecer.
O rapaz atrás do balcão deu ao homem do fato-macaco um bolo de creme e
pegou na moeda de dez kroner que ele colocara em cima do balcão.
– Olá.
– Certo – disse Beate. – Ele não está a usar luvas. Mas parece não ter
tocado em nada na loja. E aqui podes ver o rectângulo de luz de que estava a
falar.
Harry não disse uma palavra.
O homem saiu da loja depois da última pessoa da fila ser atendida.
– Hm. Vamos ter de recomeçar a procurar testemunhas – disse Harry, a
levantar-se.
– Eu não seria assim tão optimista – disse Beate, ainda a olhar para o ecrã. –
Lembra-te de que apenas uma testemunha disse ter visto o Executor a fugir,
na hora de ponta de sexta-feira. O melhor esconderijo de um assaltante é entre
a multidão.
– Ok, mas tens mais algumas sugestões?
– Senta-te ou vais perder o clímax.
Ligeiramente desconcertado, Harry lançou-lhe um olhar de lado e depois
voltou a olhar para o ecrã. O rapaz atrás do balcão virara-se para a câmara
com um dedo enfiado no nariz.
– O clímax de um homem é o... – resmungou Harry.
– Olha para o contentor no exterior da montra.
O painel de vidro reflectiu a luz, mas ainda conseguiam ver o homem do
fato-macaco preto. Encontrava-se de pé no passeio entre o contentor e um
carro estacionado. Estava de costas viradas para a câmara e tinha uma mão
pousada na borda do contentor. Parecia estar atento ao banco enquanto comia
o bolo de creme. O saco de desporto estava pousado no alcatrão.
– Aquele é o seu posto de vigia – disse Beate. – Ele encomendou um
contentor e mandou-o colocarem-no exactamente naquele lugar. É
engenhosamente simples. Pode observar a carrinha de segurança, enquanto se
mantém escondido das câmaras. E repara na maneira como está posicionado.
Primeiro, metade das pessoas que passam nem sequer o conseguem ver por
causa do contentor, e aquelas que conseguem vêem um homem de fato-
macaco e boné ao lado de um contentor: um pedreiro, um homem das