Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Simmm! – gritou Harry.
Beate ultrapassou o camião, abrandou e ligou o pisca direito. Harry baixou
o vidro, estendeu uma mão que segurava o distintivo e com a outra fez sinal
ao condutor para encostar à berma.


O motorista não levantou qualquer objecção quando Harry quis espreitar
para dentro do contentor, mas perguntou se não seria melhor esperar até
estarem no estaleiro em Metodica, onde podiam esvaziar o conteúdo no chão.


– Não quero que a garrafa se parta! – gritou Harry das traseiras do camião,
e acima do ruído dos veículos que passavam.


– Estava a pensar no seu fato – disse o homem, mas nessa altura já Harry
tinha trepado para o interior do contentor. No instante seguinte ouviu-se vindo
do interior uma espécie de trovejar, e o motorista e Beate ouviram Harry
praguejar. Depois, o som de algo a ser remexido. E por fim outro «Simm!»,
antes de ele reaparecer sobre a borda do contentor com um saco de plástico
branco erguido bem acima da cabeça como se fosse um troféu.


– Vais entregar imediatamente a garrafa a Weber e diz-lhe que é urgente –
disse Harry ao mesmo tempo que Beate ligava o carro. – Dá-lhe
cumprimentos meus.


– Isso vai ajudar?
Harry coçou a cabeça.
– Não. Diz apenas que é urgente.
Ela riu-se. Não muito, não com muita vontade, mas Harry reparou na
gargalhada.


– És sempre assim tão entusiasta? – perguntou ela.
– Eu? E tu? Estavas pronta a conduzires-nos directamente para uma
sepultura prematura, não estavas?


Ela sorriu, mas não respondeu. Mexeu no retrovisor antes de voltar à
estrada.


Harry   olhou   para    o   relógio.
– Raios!
– Tarde para um encontro?
– Achas que me podias dar boleia até à Igreja de Majorstuen?
– Claro. É por isso que estás de fato preto?
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