Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

chama-se Arne Albu. E ei... aqui está o número de telefone, chefe.


– Não me chames isso – disse Harry, agarrando no telefone.
Halvorsen resmungou.
– O que é que se passa? Estás de mau humor ou qualquer coisa no género?
– Sim, mas não é por isso. Møller é que é o chefe. Eu não sou o chefe, ok?
Halvorsen estava prestes a dizer qualquer coisa, quando Harry ergueu
imperiosamente a mão.


– Fru Albu?
Alguém precisara de muito tempo, dinheiro e espaço para construir a casa
Albu. E de muito bom gosto. Ou, na opinião de Harry, muito mau gosto.
Parecia que o arquitecto – se é que houvera algum – tentara fundir a tradição
dos chalés noruegueses com o estilo das casas das plantações do Sul dos
Estados Unidos, e um toque de beatitude rosada e suburbana. Os pés de Harry
afundaram-se no caminho de cascalho que conduzia para lá de um jardim de
arbustos ornamentais e bem-aparados, e um pequeno veado a beber de uma
fonte. Na extremidade do telhado da garagem havia uma placa oval de cobre,
ornamentada com uma bandeira azul que tinha um triângulo amarelo sobre
um triângulo negro.


Ouviu-se, vindo das traseiras da casa, o som de um cão a ladrar
furiosamente. Harry subiu os degraus largos por entre colunas, tocou à
campainha e quase esperou defrontar-se com uma mama negra com um
avental branco.


– Olá – chilreou ela, quase ao mesmo tempo que a porta se abria. Vigdis
Albu era a imagem de uma daquelas mulheres de anúncios de fitness , que
Harry por vezes via na televisão quando chegava à noite a casa. Tinha o
mesmo sorriso branco, cabelo oxigenado Barbie e um corpo de classe alta,
bem tonificado, apertado em calças de ginástica justas e um top reduzido.
Também aumentara o peito, mas, pelo menos, tivera o bom senso de não
exagerar no tamanho.


– Harry...
– Entre! – Sorriu com o mais ligeiro indício de rugas à volta dos olhos
azuis, grandes e discretamente maquilhados.


Harry entrou para um vestíbulo espaçoso povoado por trolls gordos, feios,
esculpidos em madeira, que lhe chegavam às ancas.


–   Estava  a   lavar   –   explicou    Vigdis  Albu.   Lançou-lhe  um  sorriso branco  e
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