Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

Raskol deixou cair o tubo de tinta atrás da mesa e enquanto se inclinava
para o apanhar, Ivarsson fez sinal a Weber a indicar-lhe que queria o bloco de
apontamentos.


– Gostaria que escrevesse o nome do indivíduo que surge nas fotografias –
disse Ivarsson e pousou o bloco em cima da mesa. – Como disse, não estamos
aqui para jogar xadrez.


– Para jogar xadrez, não – disse Raskol, a montar lentamente a caneta. –
Prometi que lhe daria o nome do homem que tirou o dinheiro, não prometi?


– Esse foi o nosso acordo, sim – replicou Ivarsson. Inclinou-se para a frente
quando Raskol começou a escrever.


– Nós, Xoraxans, sabemos o que é um acordo – disse Raskol. – Não estou
apenas a escrever o nome dele, mas também o da prostituta que ele usa
regularmente, e o do homem que ele contratou para despedaçar os joelhos de
um jovem que partiu recentemente o coração da sua filha. Já agora, o
indivíduo em questão recusou fazer esse trabalho.


– Ah... excelente. – Ivarsson virou-se para Weber e esboçou um sorriso
entusiasmado.


– Tome. – Raskol estendeu o bloco e a caneta a Ivarsson, que leu
rapidamente o que estava escrito.


O sorriso satisfeito desapareceu.
– Mas... – gaguejou. – Helge Klementsen. É o gerente de balcão. – Pareceu
fazer-se luz. – Ele está envolvido?


– E muito – disse Raskol. – Foi ele que tirou o dinheiro, não foi?
– E colocou-o dentro do saco de desporto – foi o resmungo profundo que
Weber proferiu junto da porta.


A expressão de Ivarsson alterou-se lentamente, e passou de interrogativa a
furiosa.


– O que é esta patranha? Prometeu ajudar-me.
Raskol estudou a ponta longa e afiada do dedo mindinho da mão direita.
Depois assentiu gravemente, inclinou-se sobre a mesa e fez sinal a Ivarsson
para que se aproximasse.


– Tem razão – sussurrou. – Eis uma pista. Aprenda o que é a vida. Sente-se
e observe os seus filhos. Não é fácil encontrar as coisas que perdeu, mas é
possível. – Deu uma palmadinha nas costas do PAS e apontou para o

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