tabuleiro. – É a sua vez, Politiavdelingssjef.
Ivarsson fumegava de fúria quando ele e Weber atravessaram o Culvert, o
túnel subterrâneo de trezentos metros que ligava a prisão de Botsen ao
Quartel-general da Polícia.
– Confiei em alguém que pertence à raça que inventou a mentira! – silvou
Ivarsson. – Confiei num maldito de um cigano!
O eco ricocheteou ao longo das paredes de tijolo. Weber corria ao lado dele.
Queria sair do túnel frio e húmido. O Culvert era usado para levar os
prisioneiros de e para os interrogatórios no Quartel-general da Polícia, e eram
muitos os rumores que circulavam acerca do que acontecia ali em baixo.
Ivarsson apertou melhor o casaco e continuou a andar.
– Promete-me uma coisa, Weber, não dizes uma palavra disto a ninguém.
Está bem? – Virou-se para Weber com uma sobrancelha erguida. – Então?
A resposta à pergunta de Ivarsson foi algo que poderia ter sido classificado
como uma espécie de assentimento. Tinham acabado de chegar ao ponto do
Culvert onde as paredes estavam pintadas de laranja e, de repente, Weber
ouviu um pequeno «pooff». Ivarsson soltou um grito aterrorizado e, agarrado
ao peito, caiu de joelhos numa poça de água.
Weber voltou-se e olhou para ambos os lados do túnel. Ninguém. Depois
virou-se de novo para o PAS, que olhava para a mão manchada de vermelho.
– Estou a sangrar – gemeu. – Estou a morrer.
Weber viu os olhos de Ivarsson a aumentarem-lhe na cabeça.
– O que é? – perguntou Ivarsson, a voz trémula de medo ao olhar para a
expressão boquiaberta de Weber.
– Vais ter de ir à lavandaria – disse Weber.
Ivarsson baixou os olhos. A tinta vermelha espalhara-se por toda a parte da
frente da camisa e em certas partes do casaco verde-lima.
– Tinta vermelha – disse Weber.
Ivarsson tirou do bolso o que restava da caneta do Den norske Bank. A
microexplosão cortara-a ao meio. Permaneceu de joelhos e de olhos fechados
até a respiração voltar ao normal. Depois fixou os olhos em Weber.
– Sabes qual foi o maior erro de Hitler? – perguntou, a estender a mão