Larkollen ficava mesmo à saída da auto-estrada, a treze quilómetros lentos
e catorze curvas apertadas de distância.
– À direita junto à casa vermelha da estação de serviço – recitou Halvorsen
de memória e virou no caminho de cascalho.
- Muitos tapetes de chuveiro – murmurou Harry cinco minutos depois,
quando Halvorsen estacionou e apontou para uma enorme construção de
madeira entre as árvores. Parecia-se com um chalé de montanha de tamanho
majestoso que, devido a um pequeno mal-entendido, fora parar junto ao mar.
– Isto por aqui é um pouco deserto, não é? – observou Halvorsen, a olhar
para as casas vizinhas. – Apenas gaivotas. Carradas de gaivotas. Talvez haja
um aterro do lixo aqui perto.
– Hm. – Harry olhou para o relógio. – Vamos estacionar na estrada um
pouco mais acima.
A estrada terminava numa zona para manobras. Halvorsen desligou o carro,
e Harry abriu a porta e saiu. Esticou-se, e ouviu os gritos das gaivotas e o
rugido distante das ondas a baterem contra os rochedos junto à praia.
– Ah – disse Halvorsen, a encher os pulmões. – Isto é um pouco diferente
do ar de Oslo, não é?
– Sem sombra de dúvida – respondeu Harry, à procura do maço de cigarros.
– Levas o estojo metálico?
No cimo do carreiro que conduzia ao chalé, Harry reparou numa enorme
gaivota branca e amarela pousada numa vedação. A cabeça virou-se
lentamente sobre o corpo quando eles passaram. Harry sentiu os olhos
brilhantes da ave nas suas costas durante toda a subida.
– Isto não vai ser fácil – declarou Halvorsen, assim que estudaram melhor a
sólida fechadura na porta de entrada. Pendurara o boné num candeeiro de
ferro forjado, acima da pesada porta de carvalho.
– Hm. Vais ter de conseguir entrar. – Harry acendeu um cigarro. –
Entretanto vou dar uma volta de reconhecimento.
– Porque é que andas a fumar mais que antes? – perguntou Halvorsen, a
abrir o estojo.
Harry permaneceu imóvel durante um momento e desviou os olhos para a
floresta.
– Para te dar a oportunidade de um dia me bateres na bicicleta.