Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

trânsito, no centro da capital da Noruega, a poucas centenas de metros de uma
esquadra da polícia e nós, profissionais da autoridade assalariados, não temos
nada por onde pegar?


Harry assentiu lentamente.
– Quase nada. Temos o vídeo.
– Que tu, se bem te conheço, vais visualizar a cada segundo.
– Não, eu diria a cada décima de segundo.
– E consegues citar textualmente as declarações das testemunhas?
– Apenas a de August Schulz. Ele contou-me muitas coisas interessantes
acerca da guerra. Debitou os nomes de concorrentes da indústria do vestuário;
os chamados bons noruegueses que apoiaram a apreensão da propriedade da
sua família durante a guerra. Sabe exactamente o que essas pessoas estão a
fazer hoje em dia. No entanto, não se apercebeu de que acabara de ser
cometido um assalto ao banco.


Beberam o café em silêncio. A chuva começou a bater contra a janela.
– Gostas desta vida, não gostas? – perguntou Halvorsen, de repente. – De
passares um fim-de-semana sentado a perseguir fantasmas.


Harry sorriu, mas não respondeu.
– Pensei que agora que tinhas obrigações familiares, tinhas desistido de um
estilo de vida solitário.


Harry lançou ao colega mais novo um olhar admoestador.
– Não sei se o vejo dessa maneira – disse, lentamente. – Não vivemos
juntos, sabes.


– Não, mas Rakel tem um filho pequeno e isso faz com que as coisas sejam
diferentes, não faz?


– Oleg – disse Harry, a aproximar-se do arquivador. – Voaram para
Moscovo na sexta-feira.


– Oh?
– Caso de tribunal. O pai quer a custódia.
– Ah, é verdade. Como é que ele é?
– Hm. – Harry endireitou a fotografia inclinada, por cima da máquina de
café. – É um professor que Rakel conheceu e com quem se casou enquanto

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