Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Estás a falar de quê?
– Do Monopólio. É só isso que nos resta. Tentar a nossa sorte. Na prisão.
Tens o número de telefone da prisão de Botsen?


– Isto é uma perda de tempo – disse Beate.
A voz dela ecoou entre as paredes do Culvert enquanto corria ao lado de
Harry.


– Talvez – disse ele. – Tal como noventa por cento do trabalho de
investigação.


– Li todos os relatórios e as transcrições das entrevistas que já foram feitas.
Ele nunca diz nada. Excepto uma data de disparates filosóficos.


Harry pressionou o botão do intercomunicador ao lado da porta de ferro
cinzenta, no fim do túnel.


– Já alguma vez ouviste o velho ditado acerca de se procurar o que se
perdeu à luz do dia? Presumo que sirva para ilustrar a loucura humana.
Quanto a mim, significa bom senso.


– Levantem os vossos distintivos em frente da câmara – disse uma voz pelo
intercomunicador.


– Porque é que eu também venho se tu é que vais falar com ele sozinho? –
perguntou Beate, a enfiar-se atrás de Harry.


– É um método que Ellen e eu usávamos quando interrogávamos suspeitos.
Um de nós dirigia sempre o interrogatório enquanto o outro ouvia. Se a
entrevista desse para o torto, fazíamos um intervalo. Se tivesse sido eu a falar,
eu saía e Ellen começava a falar de banalidades. Como deixar de fumar, ou
como hoje em dia a televisão só dá porcarias. Ou como a renda parecia ter
aumentado tanto desde que se separara do companheiro. Depois de terem
conversado um bocado, eu enfiava a cabeça pela porta e dizia que tinha
aparecido uma coisa, e que teria de ser ela a encarregar-se da situação.


– E isso resultava?
– Sempre.
Subiram as escadas até uma barreira em frente da entrada da prisão. Um
agente atrás de um grosso vidro à prova de bala acenou-lhes e pressionou um
botão.


–   O   guarda  já  vos vem buscar  –   ouviu-se    uma voz nasalada.
O guarda prisional era um homem atarracado de músculos protuberantes e o
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