Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

como se tivesse sido esbofeteada.


Harry baixou os olhos sobre a mesa e tossiu. Reparou pela primeira vez que
a simetria quase macabra de ambos os lados do eixo que o separava de Raskol
era interrompida por um pequeno detalhe: o rei e a rainha no tabuleiro.


– Onde é que já o vi, Hole?
– Normalmente, vêem-me nas proximidades de pessoas mortas – respondeu
Harry.


– Ah. O funeral. Era um dos cães de guarda de Ivarsson.
– Não.
– Então não gostou disto, hã? Ser chamado de cão de guarda. Há algum
ressentimento entre vocês os dois?


– Não – replicou Harry. – Apenas não gostamos um do outro. Pelo que sei,
você também não gostou dele.


Raskol sorriu ligeiramente, e a lâmpada fluorescente tremeluziu e acendeu-
se.


– Espero que ele não o tenha levado a peito. Parecia ser um fato muito caro.
– Acho que foi o fato que sofreu mais.
– Ele queria que eu lhe dissesse uma coisa. Por isso, disse-lhe uma coisa.
– Que os delatores ficam marcados para a vida?
– Nada mau, inspector. Mas a tinta desaparecerá com o tempo. Joga xadrez?
Harry tentou não mostrar que Raskol utilizara o posto correcto. Poderia ter
apenas adivinhado.


– Como é que conseguiu esconder o transmissor? – perguntou Harry. –
Ouvi dizer que reviraram todas as celas.


– Quem disse que eu escondi alguma coisa? Pretas ou brancas?
– Dizem que continua a ser o cérebro atrás dos grandes assaltos a bancos na
Noruega, que esta é a sua base e que a sua parte do roubo é depositada numa
conta no estrangeiro. Foi por isso que se certificou de que o colocavam na Ala
A de Botsen? Para que se possa encontrar com aqueles que cumprem
sentenças pequenas e que poderão executar os planos que você concebe aqui?
E como é que comunica com eles no exterior? Também tem aqui telemóveis?
Computadores?

Free download pdf