Vigdis mordeu o lábio inferior.
– Mas estou-lhe a dizer que ele estava... – começou. Já não parecia tão
bela.
– Está tudo bem, Vigdis – disse Albu e deu-lhe uma palmadinha no ombro.
– Vai ter com os nossos convidados. Eu acompanho Herr Hole até ao portão.
Harry mal sentia uma brisa, embora mais acima o vento soprasse com toda
a força. Nuvens perseguiam-se pelo céu e cobriam por vezes a Lua.
Avançaram lentamente.
– Porquê aqui? – perguntou Albu.
– Porque você o estava mesmo a pedir.
Albu assentiu.
– Talvez tenha razão. Mas porque é que ela teve de descobrir desta
maneira?
Harry encolheu os ombros.
– Como é que queria que ela descobrisse?
A música parara e de vez em quando ouvia-se uma gargalhada vinda da
casa. Christian estava a fazer o seu brinde.
– Dá-me um cigarro? – perguntou Albu. – Na verdade, deixei de fumar.
Harry estendeu-lhe o maço.
– Obrigado. – Albu enfiou um cigarro entre os lábios e inclinou-se sobre o
isqueiro de Harry. – Está atrás de quê? Dinheiro?
– Porque é que todos me perguntam isso? – murmurou Harry.
– Porque está por sua conta e risco. Não tem papéis para me prender, e está
a tentar fazer bluff com ameaças de que me vai levar até à esquadra. E se
esteve dentro do chalé de Larkollen, está metido num sarilho tão grande como
o meu.
Harry sacudiu a cabeça.
– Não é dinheiro? – Albu endireitou-se. No céu brilhavam algumas estrelas.
– Então é algo de pessoal? Vocês eram amantes?
– Pensei que soubesse tudo a meu respeito – disse Harry.
– Anna levava o amor demasiado a sério. Ela amava o amor. Não,
idolatrava , é essa a palavra. Ela idolatrava o amor. Era a única coisa que