Harry pensou ser romeno. Øystein estava desesperado quando falara ao
telefone. Não havia dúvidas de que tinham encontrado o servidor correcto,
dissera. Mas ele imaginara uma antiguidade enferrujada num barracão,
ofegante mas em funcionamento, e um vendedor de cavalos com um turbante
que queria três camelos e um maço de cigarros americanos. Em vez disso
encontrou um escritório com ar condicionado onde o jovem egípcio de fato,
atrás da secretária, o olhara através de óculos de armações prateadas e lhe
dissera que o preço «não era negociável», que o pagamento devia ser feito em
notas não identificáveis e que a oferta se manteria durante três dias.
– Presumo que tenha pesado as consequências se se souber que está a
receber dinheiro de alguém como eu, enquanto se encontra de serviço?
– Não estou de serviço – disse Harry.
Raskol acariciou as orelhas com as palmas das mãos.
– Sun Tzu diz que se nós não controlarmos os acontecimentos, eles
controlam-nos a nós. Não tem qualquer controle sobre os acontecimentos,
Spiuni . Significa que cometeu um erro. Não gosto de pessoas que cometem
erros. Assim sendo, tenho uma sugestão. Vamos tornar isto simples para
ambas as partes. Você dá-me o nome desse homem e eu trato do resto.
– Não! – Harry esmurrou a mesa. – Não quero que ele seja brutalizado por
um dos seus gorilas. Quero-o trancado numa prisão.
– Estou surpreendido, Spiuni . Se o estou a perceber correctamente, você já
se encontra numa posição sensível. Porque não deixar que a justiça seja
administrada do modo mais exemplar possível?
– Não quero vendettas . O nosso acordo foi esse.
Raskol sorriu.
– Você é um tipo duro, Hole. Gosto disso. E respeito acordos. Mas agora
está a começar a lixar tudo. Como é que posso ter a certeza de que esse é o
homem certo?
– Dei-lhe a oportunidade de comparar a chave que encontrei no chalé com a
de Anna.
– E agora vem outra vez ter comigo em busca de ajuda. Vai ter de me dar
mais alguma coisa.
Harry engoliu em seco.
– Quando encontrei Anna, ela tinha uma fotografia enfiada no sapato.