sem dinheiro.
– Merda! – Harry deu um pontapé na mesa em frente do espelho. O telefone
deslizou da mesa e o auscultador escorregou-lhe da mão.
– Estou? Estás aí, Harry? – O telefone no chão crepitava. Harry teve
vontade de o deixar onde estava. De se ir embora. Ou de colocar um disco dos
Metallica no máximo. Um dos antigos.
– Não te vás agora abaixo, Harry! – guinchou a voz.
Harry baixou-se com o pescoço direito e apanhou o auscultador.
– Desculpa, Øystein. Quanto é que eles disseram que queriam?
– Vinte mil libras egípcias. Quarenta mil kroner noruegueses. Depois
disseram que me servem o cliente numa travessa de prata.
– Estão-nos a lixar, Øystein.
– Claro que estão. Queremos o cliente ou não?
– O dinheiro vai a caminho. Certifica-te de que te dão um recibo, ok?
Harry deitou-se a olhar para o tecto enquanto esperava que a dose tripla de
analgésicos fizesse efeito. A última coisa que viu antes de cair na escuridão
foi um rapaz sentado muito acima dele, a sacudir as pernas e a baixar os olhos
sobre a sua pessoa.