paredes e o tecto, e saiu a correr sem roubar nada. Disse ao juiz que tinha
ingerido tantas anfetaminas que tivera de as tirar do sistema. Eu prefiro
criminosos que tomem Rohypnol, se é que o posso colocar dessa maneira.
Harry apontou com a cabeça para o ecrã.
– Olha para a posição do ombro de Stine Grette na posição número 1. Ela
está a pressionar o alarme. E o som da gravação fica de repente muito melhor.
Porquê?
– O alarme está ligado ao dispositivo de gravação, e quando o alarme é
activado o filme começa a passar muito mais depressa. Isso dá-nos imagens e
som muito melhores. Suficientemente bons para analisarmos a voz do
assaltante. E depois, falar em inglês não o vai ajudar.
– É mesmo tão fiável quanto dizem que o é?
– O som das nossas cordas vocais é como uma impressão digital. Se
pudermos dar ao nosso analista de voz da Universidade de Trondheim dez
palavras numa cassete, ele consegue comparar duas vozes com noventa e
cinco por cento de fiabilidade.
– Hm. Mas presumo que isso não aconteça com a qualidade de som que
tínhamos antes de o alarme ser premido?
– É menos fiável.
– Então é por isso que ele grita primeiro em inglês, e depois quando
percebe que o alarme foi activado, usa Stine Grette como o seu microfone.
– Exacto.
Observaram em silêncio o homem vestido de negro a saltar por cima do
balcão, a encostar o cano da arma ao pescoço de Stine Grette e a sussurrar-lhe
ao ouvido.
– O que achas da reacção dela? – perguntou Harry.
– O que é que quer dizer?
– A expressão facial. Ela parece relativamente calma, não acha?
– Não acho nada. Regra geral, não se consegue obter muita informação de
uma expressão facial. Eu diria que a pulsação dela estava perto das 180
batidas.
Observaram Helge Klementsen atrapalhado, no chão em frente da caixa
ATM.