Anna lhe contou. E ela conheceu-me numa altura em que eu... pouco mais
tinha do que o meu trabalho.
– O trabalho?
– Ele queria-me atrás das grades. Mas, primeiro, que me expulsassem da
Polícia.
Continuaram a falar enquanto subiam as escadas.
No interior do apartamento, Weber e os seus rapazes tinham terminado o
exame forense. Weber estava satisfeito e disse que tinham encontrado as
impressões digitais de Gunnerud em vários locais, incluindo na cabeceira da
cama.
– Ele não foi lá muito cuidadoso – disse Weber.
– Ele esteve aqui tantas vezes que terias encontrado impressões mesmo que
ele o tivesse sido – disse Harry. – Além disso, estava convencido que nunca
suspeitariam dele.
– Já agora, o modo como Albu foi assassinado é interessante – disse Aune
enquanto Harry abria a porta da sala com os quadros e o candeeiro Grimmer.
– Enterrado ao contrário. Numa praia. Parece-se com um ritual, como se o
assassino nos estivesse a tentar dizer algo a seu respeito. Já pensaste nisso?
– O caso não é meu.
– Não foi isso que perguntei.
– Ok. Talvez o assassino quisesse dizer algo acerca da vítima.
– O que é que queres dizer?
Harry acendeu o candeeiro Grimmer e a luz incidiu sobre os três quadros.
– Faz-me lembrar uma coisa do meu curso de Direito, a lei Gula-thing de
- Afirma que todo aquele que morrer deve ser enterrado em solo sagrado
excepto homens desonrados, traidores e assassinos. Esses devem ser
enterrados onde o mar encontra a terra. O lugar onde Albu foi enterrado não
sugere uma morte por ciúme, como o teria sugerido se tivesse sido Gunnerud
a matá-lo. Alguém quis mostrar que Albu era um criminoso.
– Interessante – disse Aune. – Porque é que temos de ver outra vez estes
quadros? São terríveis.
– Tens mesmo a certeza de que não consegues ver nada neles?
– Claro que consigo. Consigo ver uma jovem artista pretensiosa com um