– Maria pertencia a uma família Lovarra muito respeitável. Viviam na
Suécia onde o pai dela era o bulibas . Ela casou com Stefan e mudou-se para
Oslo quando tinha apenas treze anos, e ele dezoito. Stefan estava tão
apaixonado que teria morrido por ela. Nessa altura Raskol estava escondido
na Rússia. Não da polícia, mas de alguns albaneses-kosovares da Alemanha
que achavam que ele os tinha enganado num negócio.
– Negócio?
– Encontraram uma caravana vazia junto à auto-estrada de Hamburgo. –
Simon sorriu.
– Mas Raskol voltou?
– Num ensolarado dia de Maio, voltou a Tøyen. Foi quando ele e Maria se
viram pela primeira vez. – Simon riu-se. – Meu Deus, como olharam um para
o outro. Tive de olhar para o céu para ver se ia cair algum relâmpago, devido
à tensão no ar.
– Então apaixonaram-se um pelo outro?
– Em segundos. Com todos a ver. Algumas das mulheres ficaram
envergonhadas.
– Mas se era assim tão óbvio, a família devia ter reagido, não?
– Não acharam que fosse perigoso. Não te esqueças que nós casamos mais
cedo que vocês. Não podemos travar os jovens. Apaixonaram-se. Treze anos,
podes imaginar...
– Posso. – Harry esfregou a parte de trás do pescoço.
– Mas aquele era um assunto sério. Ela estava casada com Stefan e amava
Raskol desde a primeira vez em que o vira. E apesar de ela e Stefan viverem
na sua própria caravana, ela encontrava-se com Raskol que estava sempre por
ali. Assim, as coisas seguiram o curso que normalmente seguem. Quando
Anna nasceu, apenas Stefan e Raskol não perceberam que Raskol era o pai.
– Pobre rapariga.
– E pobre Raskol. A única pessoa que estava feliz era Stefan. Andava todo
empertigado e dizia que Anna era tão bonita como o pai. – Simon sorriu com
uma expressão triste. – Talvez pudesse ter continuado assim. Se Stefan e
Raskol não tivessem decidido assaltar um banco.
– E correu mal?
A fila de carros moveu-se em direcção ao cruzamento de Ryen.