na extremidade exterior da espada, da balança e da cabeça da mulher, e
quando Harry se virou viu que cada uma delas iluminava um quadro a óleo.
Dois deles estavam pendurados na parede enquanto o terceiro, que claramente
ainda não estava terminado, se encontrava sobre um cavalete com uma palete
manchada de amarelo e castanho presa ao canto inferior esquerdo.
– Que tipo de quadros são? – perguntou Harry.
– São retratos. Não vês?
– Certo. Aquilo são olhos? – Apontou. – E aquilo é uma boca?
Anna inclinou a cabeça para o lado.
– Se quiseres. São três homens.
– Alguém que eu conheça?
Anna olhou pensativamente para Harry durante muito tempo, antes de
responder.
– Não. Acho que não conheces nenhum deles, Harry, mas poderias vir a
conhecê-los se o quisesses.
Harry estudou os quadros com maior atenção.
– Diz-me aquilo que vês.
– Vejo o meu vizinho com um trenó. Vejo um homem a sair da divisão
traseira da loja das chaves quando me vim embora. Vejo o empregado do M.
E aquela celebridade da televisão, Per Ståle Lønning.
Ela riu-se.
– Sabias que a retina inverte tudo para que o teu cérebro receba primeiro
uma imagem espelho? Se queres ver as coisas como elas realmente são, tens
de as ver num espelho. Se o tivesses feito, terias visto indivíduos bastante
diferentes nos quadros. – Os seus olhos estavam radiantes e Harry não a
conseguiu contradizer, e dizer que a retina não inverte as imagens, vira-as ao
contrário. – Esta será a minha obra-prima final, Harry. É por isto que serei
recordada.
– Estes retratos?
– Não, eles são apenas uma parte de toda a obra de arte. Ainda não está
terminada. Tens de esperar.
– Hm, tem um nome?
- Nemésis – disse ela em voz baixa.