Ola parecia querer deslizar pela cadeira abaixo e desaparecer debaixo da
mesa.
– Ele está no hospital de Ullevål, e na última sexta-feira foi operado a aures
alatae.
* * *
- Aures alatae?
– Orelhas espetadas – resmungou Harry, a limpar uma gota de suor da
sobrancelha. – Ivarsson quase explodiu. Quantos é que já fizeste?
– Acabei de passar os vinte e um. – A voz de Halvorsen ressoou nas
paredes. Como era o início da tarde, tinham o centro de fitness da cave do
Quartel-general da Polícia só para eles.
– Foste por um atalho ou qualquer coisa no género? – Harry cerrou os
dentes e conseguiu aumentar um pouco o ritmo. Já havia uma poça de suor à
volta da bicicleta ergonómica, enquanto a testa de Halvorsen estava apenas
húmida.
– Então, ainda não têm nada? – perguntou Halvorsen, a respirar regular e
calmamente.
– A não ser que aquilo que Beate Lønn disse no fim sirva para alguma
coisa, não temos muito.
– E o que é que ela disse?
– Que está a trabalhar num programa que conseguirá fazer uma imagem a
três dimensões da cabeça e rosto do assaltante, a partir das imagens de vídeo.
– Mesmo com a máscara?
– O programa utiliza a informação que obtém das imagens. Luz, sombra,
recessos, protuberâncias. Quanto mais apertada a máscara, mais fácil é criar
uma imagem que se assemelhe à pessoa debaixo dela. Apesar disso, é apenas
um esboço, mas Beate diz que o pode utilizar para comparar com fotografias
de suspeitos.
– É o programa de identificação do FBI? – Halvorsen virou-se para Harry e
viu, com um certo fascínio, que a mancha de suor que começara a aparecer no
logótipo da agência de encontros no peito da T-shirt de Harry se tinha agora
espalhado para cobrir toda a camisola.
– Não, ela tem um programa melhor – disse Harry. – Quanto?
– Vinte e dois. Qual?