Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Pimento japone . Uma pequena malagueta vermelha.
– Não sabia que cozinhavas.
Harry olhou maravilhado para o saco que continha os pimentos, como se
também fossem novos para ele.


– Já agora, ainda bem que te encontrei, chefe. Temos um problema.
Møller sentiu o escalpe arrepiar-se.
– Não sei quem decidiu que Ivarsson devia chefiar a investigação do
homicídio em Bogstadveien, mas não está a resultar.


Møller enfiou a lista no cesto de compras.
– Há quanto tempo trabalham juntos? Há dois dias?
– Não é essa a questão, chefe.
– Não te podes limitar a fazer o teu trabalho, nem que seja uma vez na vida,
Harry? E deixares que os outros decidam como é que ele se organiza? Sabes,
não estares contra todos não te infligirá danos permanentes.


– Só quero que o caso seja resolvido o mais depressa possível, chefe, de
modo a poder continuar com o outro, percebes?


– Sim, eu sei, mas já ultrapassaste em muito os dois meses que te dei para
resolveres esse caso, e eu não posso defender o teu tempo e recursos com
considerações pessoais e emoções, Harry.


– Ela era uma colega, chefe.
– Eu sei! – rosnou Møller. Interrompeu-se, olhou em volta, depois
continuou num tom mais abafado: – Qual é o teu problema, Harry?


– Eles estão habituados a trabalhar em assaltos, e Ivarsson não está
minimamente interessado em inputs construtivos.


Bjarne Møller não se conteve e sorriu ao pensar nos « inputs construtivos»
de Harry.


Harry inclinou-se para a frente. Falou baixa e intensamente:
– Qual a primeira coisa que nos perguntamos quando foi cometido um
homicídio, chefe? Porquê? Qual o motivo? É isso que perguntamos. Na
Unidade de Assaltos, eles consideram como um dado adquirido que o
dinheiro é o motivo e não colocam essa pergunta.


–   Então,  qual    pensas  que seja    o   motivo?
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