– Não penso nada. A questão é que eles utilizam uma metodologia
completamente errada.
– Uma metodologia diferente, Harry, diferente. Tenho de comprar estas
coisas vegetais e ir para casa, por isso diz-me o que é que queres.
– Quero que fales com as pessoas com quem tens de falar, de modo a eu
poder trabalhar apenas com uma pessoa.
– Saíres da equipa de investigação?
– Uma investigação paralela.
– Harry...
– Foi assim que apanhámos o Peito Vermelho, lembras-te?
– Harry, não posso interferir...
– Quero trabalhar com Beate Lønn, de modo a que eu e ela possamos
começar de novo. Ivarsson já está a meter os pés pelas mãos...
– Harry!
– Sim?
– Qual é o verdadeiro motivo?
Harry mudou o peso de um pé para outro.
– Não consigo trabalhar com um jacaré sorridente.
– Ivarsson?
– Acabarei por fazer algo de extremamente estúpido.
As sobrancelhas de Bjarne Møller encontraram-se acima da cana do nariz
num V negro.
– Isso é suposto ser uma ameaça?
Harry pousou uma mão no ombro de Møller.
– Só este favor, chefe. Nunca mais peço nada. Nunca mais.
Møller resmungou. Ao longo dos anos, quantas vezes é que ele pusera a
carreira em risco por Harry, em vez de seguir os conselhos bem-intencionados
dos seus colegas mais velhos? Não confies muito nele, diziam. É um
irresponsável. A única coisa que era certa a respeito de Harry Hole é que um
dia algo ia correr desastrosamente mal. No entanto, e porque de algum modo
misterioso, ele e Harry tinham sempre, e até ao momento, aterrado de pé,
ninguém fora capaz de implementar quaisquer medidas drásticas. Até ao